Não existe governança sem regras e sem estrutura orgânica para fazer acontecer a governabilidade de um grupo, e não seria diferente numa família empresária. É fundamental a clareza, transparência e, acima de tudo, ordenamento quanto a seu funcionamento e aos direitos, deveres e forma de participação dos integrantes da família nos respectivos fóruns de pertencimento. É preciso, pois, ordenar a perspectiva do caos na ótica da colaboração de todos na construção da estrutura e modelagem da família empresária.
Por normas e regras deve-se entender o conjunto de diretrizes e práticas que norteiam a conduta dos familiares enquanto família empresária diante de seus interesses comuns de natureza familiar, patrimonial e empresarial.
É importante salientar que, as mesmas visam preservar a comunidade familiar, empresarial e patrimonial, sem perder de vista, contudo, os interesses individuais.
Tais preceitos estão vinculados aos princípios fundamentais de uma família empresária, tais como a preservação da união e a paz familiar, e da perenidade da empresa e do patrimônio.
No entanto, esses interesses comuns não eximem a família de zelar também pelos familiares que não tenham interesse em participar da empresa e desejem seguir seus caminhos profissionais próprios.
As regras de governança, neste caso, devem também contemplar a formação de um familiar herdeiro e contribuir para isso, da mesma forma como contribui para a formação de um herdeiro sucessor.
Assim, por exemplo, se o filho A preencher os requisitos necessários para assumir o cargo de sucessor e por isso pode reivindicar tal oportunidade, o filho B terá o direito proclamado pelas regras de governança de receber toda assistência e amparo familiar, tais como bolsas de estudos e outras modalidades de amparo, caso queira, por exemplo, estudar medicina no exterior.
Trata-se, neste caso, das regras da equidade e da justiça, que certamente deverão estar consagradas pela governança da família empresária.
Portanto, para o consistente regramento e funcionamento de um ou mais núcleos familiares é fundamental estabelecer um processo organizacional – por meio de órgãos de governança, como Conselho de Família, Family Office, órgãos sociais da empresa (Assembleia de Sócios, Conselho de Administração, Diretoria, Conselho Fiscal) –, além de rotinas gestoras para cada um desses fóruns ou órgãos.
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