Um dos mais importantes festivais sobre a sétima arte do Brasil acontece a partir de amanhã (14) até dia 22 de junho. Neste ano, o Olhar De Cinema reúne 87 produções, entre longas e curtas-metragens, de todo o mundo. A importância desse festival para a cidade de Curitiba é algo gigantesco. Propaga a cultura, fomenta o cinema local, brasileiro, além de trazer obras mundiais que dificilmente a maioria das pessoas teriam acesso e, ainda, traz pessoas de todo o país para prestigiar o evento. É sempre aguardado com muito ânimo por aqui! Ainda mais quando existe a preocupação em garantir na programação filmes dirigidos por mulheres.
Neste ano, mais de 30 filmes dirigidos por mulheres estão na programação do 12º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Totalizando em 15 curta-metragens, e 19 longa-metragens. Um dos destaques é “Jeanne Dielman, 23 Quai Du Commerce, 1080 Bruxelles” (1975), considerada a obra-prima da diretora belga Chantal Akerman, que no ano passado encabeçou a lista de 100 melhores filmes de todos os tempos publicada pela revista britânica “Sight and Sound”. Além disso, vale a pena conferir o documentário brasileiro “O Policial e a Pastora” de Alice Riff.
A importância da direção feminina e sua presença em festivais de cinema
Para Tereza Lauretis, nome relevante nos Estudos Feministas, o cinema é um campo privilegiado de construção de símbolos, discursos e narrativas que exerce influência nos comportamentos sociais assim como, também é refratário a estes comportamentos, e demandas sociais. Se a gente parte daí, já é natural pensarmos que a direção deve ser equitativa, deve ser plural, e deve ser todos. Afinal, se o cinema exerce essa influência, o cenário ideal seria a pluralidade no “fazer cinema” para um mundo cada vez mais representativo e aberto às diferenças. Certo?
Pois bem. De maneira resumida: mais mulheres na direção promovem novos olhares, novas abordagens em seus personagens fugindo de um estilo hegemônico de retratar homens e mulheres e novas formas de contar e narrar histórias. Ainda que o Cinema se configure como uma forma de entretenimento e lucratividade, como diz Kellner, é também, um objeto de estudo e promotor de novas subjetividades. E porque precisamos cada vez mais de filmes dirigidos por mulheres em festivais? Visibilidade e reconhecimento. Afinal, é preciso o espaço para chegar ao público, é preciso que chegue ao público para promover mudanças sociais e comportamentais! Dessa forma, o cinema consegue buscar realizar o que faz de melhor, ser um agente social e propagador de mudanças!
Confira abaixo a lista completa dos filmes dirigidos por mulheres nesta edição do Olhar de Cinema. A programação completa você confere aqui. Bora prestigiar?
• Longa-metragens
- Agressor, de Jennifer Reeder
- Caixa Preta, de Saskia e Bernardo Oliveira
- Desvío de Noche, de Ariane Falardeau St-Amour e Paul Hotel
- Diálogos com Ruth de Souza, de Juliana Vicente
- O Estranho, de Flora Dias e Juruna Mallon
- Jeanne Dielman, de Chantal Akerman
- L.A. Tea Time, de Sophie Bédard-Marcotte
- Lembranças de Todas as Noites, de Yui Kiyohara
- A Migração Silenciosa, de Malene Choi
- Neirud, de Fernanda Faya
- Notas de Eremoceno, de Viera Cakanyová
- Novembro, de Iphigénie Marcoux-Fortier e Karine Van Ameringen
- A Paixão da Lembrança, de Maureen Blackwood e Isaac Julien
- O Policial e a Pastora, de Alice Riff
- Quando eu Me Encontrar, de Amanda Pontes e Michelline Helena
- Salomé, de Alla Nazimova e Charles Bryant
- Solange, de Nathália Tereza e Tomás Osten
- Toda Noite Estarei Lá, de Suellen Vasconcelos e Tati Franklin
- Xalko, de Sami Mermer e Hind Benchekroun
• Curta-metragens
- As Inesquecíveis, de Rafaelly (Lá Conga Rosa)
- Jussara, de Camila Ribeiro
- Kassinu, de Uapukun Mestokosho Mckenzie
- Katatjatuuk Kangirsumi (Cantos Guturais em Kangirsuk), de Eva Kaukai e Manon Chamberland
- O Mar Também é Seu, de Michelle Coelho
- Maria Schneider, 1983, de Elisabeth Subrin
- A Mecânica dos Fluídos, de Gala Hernández López
- Menininha, de Débora Zanatta
- Milik Tshishutshelimunuau (Conceda-me sua Confiança), de Isabelle Kanapé
- A Pedra Mágica, de Paula Herrera Vivas
- Pele de Mãe, de Leah Johnston
- Pés que Sangram, de Roberta Takamatsu
- En Rachâchant, de Jean-Marie Straub e Daniéle Huillet
- Só Por Hoje, de Stilo Eustachio, Dionwiul e Jessica Candal
- Thue Pihi Kuuwi – Uma Mulher Pensando, de Aida Harika Yanomami, Edmar Tokorino Yanomami, Roseane Yariana
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