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02/05/2024



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As árvores

 As árvores

Algumas vezes, aqui, já falei sobre árvores. Sempre me importei com elas, desde a infância. Lembro que meu pai desenhava uma espécie que eu achava muito linda e tentava copiar. Hoje, acho que era um Guapuruvu, árvore nativa do Brasil.

 

É interessante como vamos fazendo escolhas pela vida, que acabam determinando nosso destino, ou vice-versa? Seria a destino que determina as nossas escolhas? As árvores, definitivamente, estiveram no meu caminho. Nasci na rua dos Ipês. No jardim de nossa primeira casa aqui em Curitiba, tínhamos uma Acássia Mimosa que me encantava com seus galhos carregados de pequeninos pompons amarelos e suas folhas acinzentadas. Sinto, até hoje, o seu perfume característico. Agora, já há bastante tempo, habito um bosque.

 

Os Baobás africanos são um escândalo de beleza! Muito diferentes da Acácia Mimosa com sua delicadeza e flexibilidade. São gigantes, ao mesmo tempo estranhos e maravilhosos. No planeta do Pequeno Príncipe, eram indesejados e, fazia parte da higiene diária, arrancá-los para evitar que tomassem todo o pequeno asteroide, assim como aconteceu com o planeta do preguiçoso, visitado pelo jovem príncipe. É incrível imaginar que surgem de uma pequena semente e que, dentro dela, se esconde invisível, todo um provável destino. Talvez como o nosso DNA, que depois da fecundação do óvulo pelo espermatozoide, saberemos muito pouco sobre no que resultará o ser que, a partir dali, se formará e se transformará durante todo o período de sua existência.

 

Os jardineiros (MON-2007)

 

“Ora, havia sementes terríveis no planeta do pequeno Príncipe… as sementes de baobá. O solo do planeta estava infestado. E quando não se descobre que aquela plantinha é um baobá, nunca mais a gente consegue se livrar dela, pois suas raízes penetram o planeta todo, atravancando-o. E, se o planeta for pequeno e os baobás, numerosos, o planeta acaba rachando.” (Saint-Exupéry).

 

Assim também as minhas árvores. Primeiro foram desenhos, para depois se transformarem em grandes esculturas de aço. Tiveram galhos, abrigaram ninhos, pássaros e estrelas e até deram frutos! Formaram bosques, produziram laços cor de rosa, algumas flores de bronze e teve também uma palmeira branca com folhas azuis. As sementes, que as fizeram germinar, brotaram no meu coração e se desenvolveram nos meus sonhos. Foram cuidadas e regadas com muito cuidado, perseverança, coragem e muito apoio. Muitos foram os jardineiros que deram suporte e afofaram a terra para que suas raízes pudessem sustentá-las.

 

As árvores, assim como as pessoas, precisam de espaço, calor e alimento para crescerem saudáveis e para chegarem a desenvolver todo o seu potencial previsto no DNA, ou nas sementes. As interferências que ocorrerão durante suas vidas vão determinar transformações sutis, ou talvez radicais, benignas ou malignas. Mas acredito que, em sua essência, se tiverem vidas longas, realizarão os seus destinos.

 

– Imagem de abertura: desenho-acrílica sobre papel (2000)

 

Leia outras colunas da Elizabeth Titton aqui.

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2 Comments

  • Que bom poder levar um momento tão delicado das suas lembranças! Fico feliz. Obrigada!

  • Linda reflexão!
    Por “coincidência”,ontem, encontrei junto aos papéis de meu pai, entre escrituras e atestados de óbito, uma redação minha que chegou a concorrer em uma premiação do colégio, no auge dos meus 14 ou 15 anos de idade com o título “A Árvore”.
    Sim. Árvores e pessoas iniciam suas jornadas de forma tão frágil e seguem seu propósito renascendo a cada estação, engrossando seus caules e aprofundando suas raízes e buscando o céu!

    Obrigada por compartilhar sua linda caminhada!!
    Através da coluna e de seu trabalho ímpar!

    Sou fã!!!

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