HojePR

LOGO-HEADER-slogan-675-X-65

26/04/2024



Sem Categoria

Mães de arte!

 Mães de arte!

Nessa data tão especial, é o momento de buscar na memória e trazer à vida algumas mães que deixaram sua marca, por meio da arte, em nossa cidade e nossas vidas.

 

A Universidade Federal do Paraná teve a felicidade de oferecer a incontáveis jovens músicos a oportunidade de fazer parte de uma orquestra regida pela maestrina Hildegard Sobol Martins. Jovens esses, que hoje participam de grandes orquestras pelo mundo, tornaram-se músicos, professores e formadores de novos músicos e novas orquestras. É o poder da transformação e da multiplicação pelo exemplo e pelo amor às crianças e à música. Sem filhos, Hildegard, casada com o maestro Gedeão Martins, dedicou sua vida à formação de pessoas. Foi a primeira professora do Método Suzuki para violino em Curitiba. Método inovador que logo abriu as portas para outros instrumentos e outras equipes de professores criarem oportunidade e música para tantos!

 

Edna Savytsky, violinista e violista da Camerata Antiqua de Curitiba e Orquestra Sinfônica do Paraná, mãe dedicada à música, criou as três belas instrumentistas e professoras Adriane, Simone e Vanessa que fazem parte de nossas orquestras com brilhantismo e que, juntas, criaram a Orquestra Suzuki.

 

Rendo minhas homenagens, aqui, a outras professoras-mães, que muito contribuíram para a música no Paraná, como as nossas pioneiras Bianca Bianqui (violinista), Renée Devraine Frank (pianista e compositora) e Charlote Frank (violoncelista), professoras e co-fundadoras da Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

 

Dona Aspásia Bastos Dias (foto: Dico Kremer)

 

Quero parabenizar, também, não só as mães que ensinam, mas as que acreditam e dedicam seu tempo e seu amor ao ato de acompanhar seus filhos pelos caminhos do aprendizado e estudo de um instrumento, bem como outras tantas, em outras artes, que trazem emoção e alegria para as nossas vidas e nossas almas.

 

Mães que trabalharam, abrindo caminhos em suas áreas, as mais diversas, tais como a pintura, a poesia, a dança e o teatro. Lembro daquelas que não tiveram a oportunidade de viver da arte, ou pela arte, mas que trabalharam, arduamente, nas tarefas do quotidiano, fazendo sua parte no suporte necessário à vida, de forma a permitir que outros floresçam e que, normalmente, não são lembradas. A essas bravas mães a minha admiração e agradecimento.

 

Como não poderia deixar de ser, presto aqui, em forma de agradecimento, uma homenagem à Dona Aspásia, vulgo “Mamãe”. Mulher generosa, que sempre abriu sua casa a todos que por meio de seus sete filhos chegaram à sua porta. A música, sempre presente em sua vida e na do Papai (Mário Dias), os tornou alvo de duras críticas quando, ainda recém-casados, compraram um piano antes mesmo de terminar de fazer o muro e o reboco da casa que, com dificuldade, construíam. Todos os filhos foram iniciados em algum instrumento, língua estrangeira, livros e boas escolas em detrimento de roupas novas, brinquedos caros e outros “babados”. Escolhas.

 

A bateria, emprestada pelo Guidinho Seccatto, trouxe muito amigos e música para a nossa casa, assim como a vitrola onde ouvíamos de Francisco José a Bach, passando por Inezita Barroso, Chopin tantos outros.

 

A arte, de uma forma ou de outra, sempre esteve presente e valorizada: nas pinturas e bordados de nossas roupas, lençóis e toalhas de mesa – que ainda hoje fazem parte de nossos rituais e comemorações –, nos vestidos de debutante e casamento com suas flores e grinaldas feitas por nossa mãe. Mulher moderna, lida e versada nos mais diversos assuntos, acordava a qualquer hora para acompanhar Ayrton Sena nas corridas da Formula 1. Foi convidada pelo Dr. Zacharias Seleme (então deputado federal pela UDN), nosso vizinho e amigo, para se candidatar a vereadora, o que ela recusou. À frente do seu tempo, ensinou a querida amiga e pianista Alda (esposa de Zacharias) a dirigir.

 

Encerro aqui essas lembranças, com a memória das duas, Alda e Mamãe, sentadas ao piano tocando, alegremente, a quatro mãos, e nós, em volta do piano, cantando “Sempre no meu Coração”.

 

Na imagem de abertura, Hildegerd, bico de pena da colunista (1986)

 

Leia outras colunas da Elizabeth Titton aqui.

2 Comments

  • Imagino que lindo vai ser

    • Muito obrigada!

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *