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02/05/2024



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Os felinos na arte naïf

 Os felinos na arte naïf

Após a publicação da última coluna, sobre os cães na arte, os amantes dos felinos se manifestaram pedindo a sua quota. Embora eu não tenha muita convivência com eles, esses mamíferos me encantam. Nem sempre dóceis, porém, muito elegantes e charmosos, eles ocupam espaço importante nas artes. No entanto, procurando ilustrações para o texto, deparei-me com um livro em cuja capa figura um lindo gatinho, de olhos bem redondos, sobre um tapete vermelho. É o ”L´arte naïve” da Arnoldi Mondadori Editore, publicado em Verona, em 1976, a partir do original “Innocent Art”, da Ballantine Books Inc., 1974. Encontrar esse livro foi o suficiente para me desviar da meta inicial. Embora ainda falando de felinos, vou me restringir àqueles da arte Naïf. Uma forma de arte que, por falar da vida ingênua, muito ligada à natureza, onde os animais ocupam um espaço muito importante, me encanta, sobremaneira, com suas cores vibrantes a partir de um olhar ingênuo do artista.

 

“Gato Tigre” de Henri Rousseau

 

O termo “Naïf” (palavra francesa que significa “inocente”) surgiu na arte, pela primeira vez, quando Henri Rousseau (1844-1910), ele mesmo francês, apresentou suas obras no Salão dos independentes, na França, em 1886. Autodidata, sem formação acadêmica, o pintor se utilizava de sua liberdade estética para produzir obras que, mesmo em seu tempo, eram muito admiradas por pintores e escritores, seus contemporâneos, mas pouco reconhecidas pela crítica. Rousseau criou obras fascinantes e, em grande parte delas, retrata cenas selvagens com animais, figuras e plantas exóticas, como que tiradas de sonhos. É tido por muitos como precursor do surrealismo. Desse artista, posto aqui mais de uma ilustração.

 

“Conteúdo surpresa” de Salomon Meijers

 

Voltando ao nosso livro, acima citado, entre vacas, coelhos e cães, personagens da vida campesina da qual se nutre, na maioria das vezes, a arte ingênua, encontra-se, de Salmon Meijers, ”Conteúdo surpresa”, de 1909, o gatinho preto e branco dentro de uma caixa-preta, coisa de que os felinos e seus donos entendem muito bem! Maravilhoso é ainda como o artista retrata o olhar desafiador do bichano. De Antonio Ligabue (1899-1965), um dos maiores artistas Naïf italianos, apresenta-se o ”Gato selvagem” (sem data). Em primeiro plano, a fera, em meio à folhagem, ataca quase imperceptíveis pequenos filhotes de passarinho no ninho. No mesmo volume, em cena familiar, ladeado por sua mulher e irmão, o artista retrata os gatos vivendo seu descanso e sua curiosidade. Os felinos de Aloys Salter, artesão de profissão (1875-1952), são parte do conjunto da vida doméstica ali retratada. De André Durenton é a obra retratada na capa do livro que me cativou e estimulou a seguir nesse assunto de felinos ingênuos. Nascido em Paris, em 1905, Durenton era um profissional do desenho de tecidos, que, mais tarde, entrou para a área de cinema e, finalmente, retorna ao desenho de tecidos e à sua pintura por puro diletantismo.

 

“Gato Selvagem” de Antonio Ligabue

 

Com mais ilustrações do que o habitual, fugindo da proposta inicial, demos uma rápida passada por importantes felinos da arte ingênua, tão característica de artistas autodidatas que, em geral, pintam a simplicidade da vida e das culturas populares de onde surgem e que com tanta qualidade e emoção as retratam. Prometo, em breve, dedicar uma coluna aos gatos na arte em geral, como o fiz sobre os cães na semana passada.

 

(Imagem de abertura: “Jardim do sonho tigre montado por homem com Ukelele” de Henri Rousseau)

 

Leia outras colunas da Elizabeth Titton aqui.

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2 Comments

  • Parabéns Titton pela pesquisa e nos proporcionar aprendizado e saber um pouco mais sobre a arte Naif.

    • Obrigada Marcos, também tenho aprendido muito com as colunas!

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