Pular para o conteúdo

HojePR

Legião Urbana: e surge o Rock em Brasília

04/01/2023
legião

Falando de Brasília não poderia deixar de citar um dos álbuns que mais me surpreendeu nos anos 1980. Lançado em 2 de janeiro de 1985, com produção de José Emilio Rondeau, ‘Legião Urbana’ foi devastador na minha humilde formação musical.

Sei que muitos irão citar outros álbuns da Legião Urbana, como o ‘Dois’ ou ‘Que País É Este?’, mas o primeiro é realmente excepcional. Influenciado por The Clash, U2 e Joy Division, ícones da década, a Legião escreveu um capítulo no rock nacional. Junto com ‘Nós Vamos Invadir Sua Praia’, do Ultraje A Rigor, e ‘Revoluções Por Minuto’, do RPM, é um dos melhores álbuns de estreia de uma banda nacional.

 

 

Será começa com aquela guitarra ritmada e bateria uniforme. O vocal de Renato Russo é arrebatador e doce ao mesmo tempo. O refrão é grudento e inesquecível. A letra é interrogativa: “Será que vamos conseguir vencer?”.

 

 

A Dança é uma lição de anos 80. O baixo de Renato Rocha dá o ritmo da canção. A guitarra é puro U2 da fase Boy. The Edge foi inspirador. Uma letra com conteúdo. Uma lição de moral na molecada da época. E na de hoje também.

Petróleo Do Futuro é pesada. A guitarra de Dado Villa-Lobos é fabulosa. A voz de Renato se encaixa na melodia. A melodia se encaixa na voz de Renato. Perfeição pós-punk.

Ainda É Cedo é algo indescritível. Mais Joy Division impossível. Mas é maravilhosa. Uma poesia moderna. O lamento de um rompimento doloroso e traumático. A voz de Renato é soturna e triste, como só ele sabia entoar. A bateria de Marcelo Bonfá dá o andamento da canção, auxiliado por um teclado simples e coeso.

 

 

Perdidos No Espaço é rock’n’roll. Seu andamento é meio new wave. Mas tem um furor discreto. E o baixo manda de novo.

Geração Coca-Cola é punk. Raivosa. Declaradamente raivosa. Socando tudo e todos. “Nós somos o futuro da nação” diz a letra. Sim, somos. O Reggae é uma levada roots incrível. A letra é declamada por um Renato Russo inconformado com a situação do Brasil naquela época (hoje seria diferente?). A guitarra de Dado se sobressai. Mas é absurdamente dançante.

 

 

Baader-Meinhof Blues foi influenciada por The Clash. A levada é de uma crueza magnífica. O violão no final da canção é sensacional.

Soldados é patriótica. A bateria e os teclados dão o tom da canção. “Se lembra quando era só brincadeira, fingir ser soldado a tarde inteira?”. A letra é tão atual e merece uma medalha de honra ao mérito por sua franqueza. “A gente não queria lutar.” Mas lutaram. E venceram. A melhor do álbum, sem dúvida.

Teorema é mais uma sobre relacionamentos, tema recorrente nas letras de Renato Russo. Mas a melodia é rápida e precisa. É cantada com uma raiva juvenil impressionante.

Por Enquanto poderia muito bem estar em algum álbum do Joy Division, cantada por Ian Curtis com toda sua tristeza peculiar. É constante e triste, porém sedutora. Tem uma letra poderosa e bem cantada por uma voz mais grave de Renato. É maravilhosa. Uma verdadeira aula de composição e arranjos.

Composições diretas e arranjos simples. Mas quem disse que uma aula simples não é uma aula bem dada? Apreciem o rock’n’roll nacional. O bom e velho rock’n’roll.

 

Leia outras colunas do Marcus Vidal aqui.

1 comentário em “Legião Urbana: e surge o Rock em Brasília”

  1. Walmor Ramalho de Farias

    Trabalho estupendo do então quarteto de Brasília. Ouvi muito, na m8nha adolescência, numa fita K7, no opalão do meu Pai.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *