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29/03/2024



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Legião Urbana: e surge o Rock em Brasília

 Legião Urbana: e surge o Rock em Brasília

Falando de Brasília não poderia deixar de citar um dos álbuns que mais me surpreendeu nos anos 1980. Lançado em 2 de janeiro de 1985, com produção de José Emilio Rondeau, ‘Legião Urbana’ foi devastador na minha humilde formação musical.

Sei que muitos irão citar outros álbuns da Legião Urbana, como o ‘Dois’ ou ‘Que País É Este?’, mas o primeiro é realmente excepcional. Influenciado por The Clash, U2 e Joy Division, ícones da década, a Legião escreveu um capítulo no rock nacional. Junto com ‘Nós Vamos Invadir Sua Praia’, do Ultraje A Rigor, e ‘Revoluções Por Minuto’, do RPM, é um dos melhores álbuns de estreia de uma banda nacional.

 

 

Será começa com aquela guitarra ritmada e bateria uniforme. O vocal de Renato Russo é arrebatador e doce ao mesmo tempo. O refrão é grudento e inesquecível. A letra é interrogativa: “Será que vamos conseguir vencer?”.

 

 

A Dança é uma lição de anos 80. O baixo de Renato Rocha dá o ritmo da canção. A guitarra é puro U2 da fase Boy. The Edge foi inspirador. Uma letra com conteúdo. Uma lição de moral na molecada da época. E na de hoje também.

Petróleo Do Futuro é pesada. A guitarra de Dado Villa-Lobos é fabulosa. A voz de Renato se encaixa na melodia. A melodia se encaixa na voz de Renato. Perfeição pós-punk.

Ainda É Cedo é algo indescritível. Mais Joy Division impossível. Mas é maravilhosa. Uma poesia moderna. O lamento de um rompimento doloroso e traumático. A voz de Renato é soturna e triste, como só ele sabia entoar. A bateria de Marcelo Bonfá dá o andamento da canção, auxiliado por um teclado simples e coeso.

 

 

Perdidos No Espaço é rock’n’roll. Seu andamento é meio new wave. Mas tem um furor discreto. E o baixo manda de novo.

Geração Coca-Cola é punk. Raivosa. Declaradamente raivosa. Socando tudo e todos. “Nós somos o futuro da nação” diz a letra. Sim, somos. O Reggae é uma levada roots incrível. A letra é declamada por um Renato Russo inconformado com a situação do Brasil naquela época (hoje seria diferente?). A guitarra de Dado se sobressai. Mas é absurdamente dançante.

 

 

Baader-Meinhof Blues foi influenciada por The Clash. A levada é de uma crueza magnífica. O violão no final da canção é sensacional.

Soldados é patriótica. A bateria e os teclados dão o tom da canção. “Se lembra quando era só brincadeira, fingir ser soldado a tarde inteira?”. A letra é tão atual e merece uma medalha de honra ao mérito por sua franqueza. “A gente não queria lutar.” Mas lutaram. E venceram. A melhor do álbum, sem dúvida.

Teorema é mais uma sobre relacionamentos, tema recorrente nas letras de Renato Russo. Mas a melodia é rápida e precisa. É cantada com uma raiva juvenil impressionante.

Por Enquanto poderia muito bem estar em algum álbum do Joy Division, cantada por Ian Curtis com toda sua tristeza peculiar. É constante e triste, porém sedutora. Tem uma letra poderosa e bem cantada por uma voz mais grave de Renato. É maravilhosa. Uma verdadeira aula de composição e arranjos.

Composições diretas e arranjos simples. Mas quem disse que uma aula simples não é uma aula bem dada? Apreciem o rock’n’roll nacional. O bom e velho rock’n’roll.

 

Leia outras colunas do Marcus Vidal aqui.

1 Comentário

  • Trabalho estupendo do então quarteto de Brasília. Ouvi muito, na m8nha adolescência, numa fita K7, no opalão do meu Pai.

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