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28/04/2024



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RPM: a melhor estreia do rock nacional

 RPM: a melhor estreia do rock nacional

No último dia 15 de junho, perdemos um dos maiores instrumentistas, compositores e arranjadores do Brasil. Falo de Luiz Schiavon, tecladista e fundador, junto com o baixista e vocalista Paulo Ricardo, de uma banda que foi um dos maiores fenômenos do rock nacional, o RPM. Seu primoroso álbum de estreia, Revoluções Por Minuto foi lançado em maio de 1985, com produção de Luiz Carlos Maluly, e chegou a vender 300 mil cópias, tornando-se uma das maiores estreias de uma banda no Brasil. Consolidou o rock no país e abriu as portas para os maiores e mais bem estruturados shows de bandas nacionais. Seis das onze canções alcançaram estrondoso sucesso nas rádios. Além de Schiavon e Paulo Ricardo, a banda era formada por Fernando Deluqui, nas guitarras, e Paulo “P.A.” Pagni, na bateria, também já falecido.

 

 

Rádio Pirata inicia o álbum com um riff de guitarra honesto e sintetizadores robustos, característica da banda. “Abordar navios mercantes…” Todos cantavam nos shows. Shows muito bem produzidos e lotados. Nessa canção Fernando Deluqui esbanja nos violões e Luiz Schiavon mostra toda a força de seus teclados, devido a sua formação clássica. E a voz de Paulo Ricardo é o símbolo dos anos 1980 no Brasil.

 

Olhar 43 é um dos grandes sucessos do álbum. Começa com teclados e baixo retos. A guitarra entra comandando tudo. E a bateria é arrojada. Gritinhos e mais gritinhos de Paulo Ricardo enlouqueciam todas as mulheres da época. “Não sei se é caça ou caçadora, se é Diana ou Afrodite, ou se é Brigitte, Stephanie de Mônaco, aqui estou, inteiro ao seu dispor (princesa)”. Sensacional.

 

 

A Cruz E A Espada é a grande balada do álbum. E mais um dos sucessos. A clarineta tocada por Roberto Sion inicia a canção, que junto com os teclados e uma batida soft, davam todo o andamento da canção. Uma canção espetacular. “Aquela festa, o que me resta, encontrar alguém legal pra ficar”. O produtor Luiz Carlos Maluly toca violão na canção.

 

Estação Do Inferno tem teclados e guitarras mais synth-pop, característica da época. E um refrão absurdamente grudento: “Outro inverno, gela em meu coração. Nesse inferno é sempre a mesma estação”.

 

A Fúria Do Sexo Frágil Contra O Dragão Da Maldade tem teclados mais simples, com guitarras distorcidas e um baixo grave. A canção é rápida. Paulo P.A. Pagni se desdobra numa bateria pós-punk fabulosa.

 

Louras Geladas foi outro enorme sucesso do álbum. Os teclados que iniciam a canção são macabros. Mas a canção vira o ícone do rock brasileiro. “Agora eu sei, sei, sei, passei por cada papel, me embriaguei e acordei no bordel”. Os vocais de Paulo Ricardo são sensacionais. Deixam a canção ritmada e acessível. A bateria é uma Caixa de Ritmos, pois P.A. não havia entrado na banda ainda quando gravaram a canção.

 

Liberdade/Guerra Fria é a melhor canção do álbum. Tem tudo que os anos 1980 ofereciam: teclado extremamente pop, guitarras lineares e uma bateria estupenda. “Tudo por você, guerras pra depois, eu mudo por você, o mundo pra nós dois”. E, de repente, seu andamento muda, tornando-a um synth-pop maravilhoso. “Guerra fria nunca mais, nova era glacial, e de que me serve a paz, se em meu sangue corre o mal”. Extraordinária.

 

 

Sob A Luz Do Sol é a única que conta com o guitarrista Fernando Deluqui na composição, pois todas as outras canções são de autoria de Paulo Ricardo e Luiz Schiavon. Mais uma que abusa dos teclados, mais a guitarra faz a sua parte com muita maestria.

 

Juvenília é outra das minhas preferidas. Tem um teclado maravilhoso no início, com violão dedilhado acompanhando. Uma canção com um cunho político bem interessante. “Parte o primeiro avião, eu não vou voltar, e quem vem pra ficar, pra cuidar de ti”. Pertinente para o momento.

 

 

Pr’esse Vício também tem teclados pesados, resquícios do rock progressivo. A bateria é reta e perfeita. E os vocais são declamados e tristes. Fabulosa.

 

O álbum encerra com a faixa-título Revoluções Por Minuto. Os teclados mandam em toda a canção. Novamente a Caixa de Ritmos aparece. Outra com um discreto cunho político, coisa que a banda fazia muito bem. “Agora a China bebe Coca Cola, aqui na esquina cheiram cola, biodegradante, aromatizante tem”. Outro grande sucesso do álbum.

 

 

Álbum que alçou a banda para o maior estrelato do rock brasileiro. Ouvíamos no álbum tudo que a década de 1980 tinha de melhor: ecos de Soft Cell, Duran Duran, Kraftwerk, Simple Minds, Joy Division/New Order, Roxy Music/Brian Ferry, entre outras influências. Um álbum de rock comercial, porém rock’n’roll. O bom e velho rock’n’roll.

 

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3 Comments

  • Que Banda, saudades…

  • Álbum fantástico.

  • Parabéns pelo texto. O RPM merece, mesmo, todo reconhecimento. Uma banda que não teve par – e nunca terá. Forte abraço.

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