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24/04/2024



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Coritiba acerta venda da SAF, que deve injetar R$ 1,3 bilhão em dez anos no clube

 Coritiba acerta venda da SAF, que deve injetar R$ 1,3 bilhão em dez anos no clube

O Coritiba chegou a acordo com a Treecorp, gestora de investimentos em empresas, e deve anunciar a sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF) nesta quinta-feira (10), depois que a reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do clube, que será realizada na noite de quarta-feira (9), tomar conhecimento dos detalhes do acordo. O negócio envolve a cessão de 90% sobre o capital do clube-empresa e o investimento de até R$ 1,3 bilhão em um período de dez anos, valor que inclui a reconstrução do estádio Couto Pereira. O CEO será Carlos Amodeo, ex-Grêmio, e o gestor do futebol será Artur Moraes, ex-goleiro do Coxa.

 

O acerto entre Coritiba e Treecorp terá que passar, ainda, por três instâncias. Uma delas é a aprovação do Conselho, como mencionado acima. Depois, precisa da aprovação da Assembleia Geral, com a votação dos sócios do clube. Por fim, será necessária a aprovação da juíza Luciane Pereira Ramos, da 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial da Região Metropolitana de Curitiba.

 

A diretoria do Coritiba espera finalizar esses três trâmites até o final de junho, para que já seja possível reforçar o elenco na janela internacional de transferências, que será aberta em 3 de julho. As informações são da rádio Banda B. De acordo com a reportagem, o plano revelado pelo presidente em exercício do Coritiba, Glenn Stenger, prevê investimentos da SAF não apenas em contratações de jogadores para o time principal, mas também no fortalecimento das categorias de base e no patrimônio do clube. Entretanto, a prioridade atual é encorpar o grupo que disputa o Brasileirão.

 

Investimentos

Segundo reportagem do Globo Esporte, que teve acesso a detalhes da operação, para se tornar acionista majoritária da SAF do Coritiba, a Treecorp se compromete a investir até R$ 1,3 bilhão nos próximos dez anos. O dinheiro se divide da seguinte maneira entre as finalidades:

 

• R$ 450 milhões para reforços e capital de giro

• R$ 100 milhões para o centro de treinamento

• R$ 500 milhões para a reforma do estádio

• R$ 270 milhões para quitação da dívida

 

Investimentos em contratações e no centro de treinamento são obrigatórios por contrato. A companhia terá dez anos para aplicar a quantia carimbada para atletas. No caso do CT, cuja propriedade será transferida para a SAF, o aporte deverá ser feito imediatamente.

 

O estádio continuará a ser posse da associação civil do Coritiba, que por sua vez assinará um contrato de cessão por 50 anos, renováveis por mais 50, para a SAF. O montante reservado para sua reforma representa compromisso formal da Treecorp, condicionado a determinados fatores.

 

A investidora terá sete anos para começar as obras e no máximo dez para encerrá-las. Caso o projeto não seja viabilizado, existem punições contratuais, como o impedimento de retirar dividendos (participação sobre os lucros da empresa) por parte dos investidores.

 

Endividamento

Diferente de outros clubes que passaram por vendas, o Coritiba tratou a dívida da associação civil antes de negociar a entrada de um investidor. O clube já concluiu sua recuperação judicial, na qual obteve descontos de credores e alongou o pagamento da dívida em 12 anos.

 

Ao constituir uma SAF e transferir para ela vários de seus ativos – contratos de jogadores, patrocínios e direitos de transmissão, por exemplo –, o Coritiba perderá a maior parte de suas receitas.

 

Em compensação, a associação civil receberá da empresa repasses financeiros. Esses valores variam a cada ano e têm como finalidade o cumprimento do acordo feito na recuperação judicial. Portanto, a SAF não receberá as dívidas, porém terá obrigação de efetuar esses pagamentos.

 

Governança

Para viabilizar a compra do futebol alviverde, a Treecorp abrirá uma empresa chamada Coxa S/A. Esta, por sua vez, vai adquirir 90% do Coritiba SAF, enquanto os 10% restantes pertencerão à associação civil.

 

Essa estrutura dará aos investidores o controle sobre o futebol. Caberão a eles todas as decisões na condução do clube-empresa, desde a contratação de profissionais e a montagem do planejamento estratégico, até questões do cotidiano, como contratações de técnicos e atletas.

 

Como acionista minoritária, a associação manterá a responsabilidade de fiscalizar a administração dos novos proprietários, por meio da governança, além de ter poder de veto sobre questões de tradição.

 

Haverá um Conselho de Administração, com até dez integrantes, dos quais a associação poderá indicar um nome. O Conselho Fiscal terá cinco membros, sendo um deles nomeado pela associação. Essas são as pessoas que ficarão incumbidas de participar da administração.

 

Incentivos à competitividade

O Coritiba colocou em contrato mínimos garantidos a serem cumpridos pela Treecorp, a partir do momento em que a SAF for constituída.

 

A empresa deverá gastar por ano um mínimo de R$ 120 milhões ou 50% da receita, o que for maior, no item que chamou de “investimento em futebol”. Ele é composto pela folha salarial e por contratações.

 

Hipoteticamente, significa que, se a soma de salários e direitos de imagem for de R$ 80 milhões no ano, pelo menos R$ 40 milhões deverão ser usados para comprar direitos federativos e econômicos de atletas.

 

Embora a pretensão seja a estabilidade no Campeonato Brasileiro e a conquista de títulos, não existe punição contratual para o não cumprimento de metas esportivas. O mecanismo é financeiro.

 

Além disso, o orçamento mínimo poderá ser reduzido em caso de rebaixamento para divisões nacionais inferiores, pois os R$ 120 milhões seriam desproporcionais às necessidades da Série B.

 

O que é Treecorp

Treecorp é uma gestora de investimentos sediada em São Paulo, na Avenida Faria Lima, famosa por concentrar sedes de bancos e instituições financeiras. Esta é a primeira vez que uma companhia dessa natureza se envolve com a compra de um clube de futebol no Brasil.

 

A empresa é comandada por três sócios-diretores: Filipe Lomonaco, Bruno D’Ancona e Danilo Soares. Participa de seu conselho consultivo, também como sócio minoritário, o empresário Roberto Justus.

 

A Treecorp atua com o que o mercado financeiro chama de private equity, ou seja, investimentos em empresas já consolidadas. Neste caso, o foco costuma estar em negócios que ainda possuem grande potencial para crescimento. Estão no portfólio dela as empresas dos ramos de varejo, saúde, tecnologia e serviços financeiros.

 

A negociação com a associação civil do Coritiba, representada por seu presidente, Glenn Stenger, durou cerca de oito meses. Se considerado todo o período em que a gestora estudou o futebol, para mapear oportunidades de investimento, chega-se a cerca de um ano.

 

A escolha pelo clube paranaense levou em conta uma série de fatores, como o tamanho da torcida, o potencial de expansão do negócio, com a consolidação na primeira divisão e a fundação da liga de clubes, e o estado atual do Coritiba. Embora tivesse problemas financeiros, a associação os equacionou com a recuperação judicial e tem bens desembaraçados.

 

A reestruturação do clube foi feita com consultoria da Alvarez & Marsal. Já na fase da negociação, a XP Investimentos assessorou a associação na busca por investidores, com apoio jurídico do escritório BMA, enquanto a Treecorp teve respaldo das consultorias KPMG e Engage Sports Ventures, e dos escritórios de advocacia Machado Meyer e Bichara & Motta.

 

Um fator relevante na opção da Treecorp por investir no futebol brasileiro foi a chegada de investidores estrangeiros. Assim que Botafogo e Vasco anunciaram os acordos com John Textor e 777 Partners, respectivamente, profissionais da gestora notaram que o mercado passaria por transformação e passaria a ter liquidez – ou seja, investidores interessados em comprar e vender clubes.

(Redação c/ informações da Banda B e Globoesporte.com)

 

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