A candidata do PMB à Prefeitura de Curitiba, Cristina Graeml, passou o primeiro turno reclamando que não era convidada a participar dos debates com os demais candidatos. Quem sabe hoje, em um exercício de reflexão, ela não reclamasse. Ao contrário, devia agradecer.
Depois de participar de três debates – na Band, Ric e RPC – Cristina revelou o que o primeiro turno escondeu: seu desconhecimento da cidade e seu despreparo ficaram evidentes e nem a bem treinada retórica, resultado de anos de cursos proporcionados pela Globo, foram capazes de esconder. Cristina foi derrotada em todos os encontros com Eduardo Pimentel. Tanto que seu desempenho nas pesquisas eleitorais despencou depois dos debates.
São várias as possíveis explicações para o fracasso de Cristina. Um deles é o evidente constrangimento de não saber repassar ao eleitor dados concretos sobre Curitiba, principalmente sobre o orçamento da cidade. A candidata do PMB derrapou em todos os debates, não sabendo responder quanto a cidade tem a disposição para investir na Educação e na Saúde. Para piorar, deu desculpas esfarrapadas para a falta de conhecimento. Disse, por exemplo, que não tinha acesso ao orçamento. Uma simples consulta aos jornais, que noticiaram exaustivamente os valores previstos no projeto encaminhado à Câmara de Vereadores, teria resolvido essa falta de conhecimento. Acessar o Portal da Informação da Prefeitura também teria sido providencial. Pior ainda foi dizer que pouco importava saber quanto seria o índice aplicado na Saúde.
Não deu certo, também, a estratégia de jogar ao vento uma série de informações sem qualquer embasamento ou fonte confiável. O curitibano não é um eleitor comum. Ao contrário, está atento e percebe quando um candidato pretende mascarar a falta de propostas com um falatório exagerado e sem nexo com a realidade.
Cristina abusou desse expediente. A começar pelas 200 pessoas que teriam preparado o plano de governo dela. A candidata jamais mostrou uma imagem dessas pessoas, uma reunião ou até mesmo esse pessoal trabalhando com o vice problema, Jairo Filho, que foi, segundo palavras da própria candidata, o coordenador do seu plano de governo. Um material que, suspeita-se, tenha sido preparado por Inteligência Artificial.
Outro deslize de Cristina foi com o funcionalismo público. O desrespeito com o servidor passou dos limites. Em um programa eleitoral, Cristina disse que os funcionários dos postos de saúde ficavam no celular ao invés de atender pacientes. Para consertar, passou a dizer que era constantemente procurada por médicos e enfermeiras que reclamavam de uma absurda carga de trabalho, que eram obrigados a atender pacientes em 15 minutos e que as licenças para tratamento de saúde mental se acumulavam na Secretaria da Saúde. Cristina, no entanto, jamais apresentou um servidor que confirmasse essas afirmações.
Nos debates atacou impiedosamente a Urbs e o Ippuc, dois órgãos que gozam de respeito internacional e são frequentemente consultados por gestores do mundo todo. Em um desrespeito lamentável, Cristina disse que técnicos da maior qualidade que trabalham na Urbs eram apenas “apadrinhados políticos”.
O mesmo modo de agir foi aplicado em relação a empresários. Não foram poucas as vezes em que Cristina disse que recebia demandas de empresários por mudanças, recebia reclamações do comércio e mais um punhado de falatório sem apresentar um documento com essas “demandas”, ou um empresário reclamando disso ou daquilo.
Falar à vontade, já dizia o ditado, até papagaio fala. O problema é que o curitibano é extremamente orgulhoso da sua cidade. Usar da antiquada tática de desconstruir Curitiba e falar mal dos servidores públicos para atingir a candidatura do seu adversário acabou provocando engulhos no eleitor que reconhece que a cidade está bem cuidada. Não é assim que um candidato sério se comporta. Aliás, seriedade foi outro problema que complicou Cristina. Lhe faltou em todos os debates. Os ataques debochados a Eduardo Pimentel, as piadinhas e os apelidos pejorativos revelaram uma postura desequilibrada de Cristina e esse comportamento não pegou bem ao curitibano. Como já colocamos em outro editorial, à mulher de César não basta ser séria, tem que parecer séria. Cristina não mostrou a seriedade que o eleitor curitibano exige do seu prefeito. Ao ofender e tentar repetidas vezes humilhar o candidato adversário, Cristina se complicou justamente no eleitorado que até nutria alguma simpatia por ela: os conservadores que não perdoam arrogância e desrespeito.
O fato é que os debates, assim como o tempo de televisão que Cristina passou a ter no segundo turno, mostraram o que o eleitor não percebia antes. Ao ligarem os holofotes do segundo turno, todos os problemas de Cristina vieram à luz, e o que essa luz mostrou não foi bonito.
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1 Comentário
Infelizmente vivemos um momento que o País precisa de mudanças, não somente as Prefeituras. Muitos candidatos são despreparados e por isso só encontram defeitos nas Gestões anteriores. Querem fazer mudanças, e não tem Planos, então preferem criticar coisas que não conhece. É um tiro no próprio pé. Sobre a Cristina, nunca me convenceu e os debates foram o firmamento de seu suicídio ao Debate. A falta de preparação, desrespeito ao adversário, família do candidato concorrente e falar mal da Cidade de Curitiba, foram algumas das falácias que ficou desacreditada. Se quiser retornar no futuro vai ter que fazer terapia para controlar as emoções e prepotência; além de estudar melhor o contexto da Cidade de Curitiba.
Não estou fazendo ofensas a candidata, mas um fato aos propósitos de sua péssima campanha.