No discurso de filiação do ex-governador Roberto Requião, uma pergunta ficou no ar: será que discurso velho ainda ganha campanha? Se fosse para traduzir Requião, pode se dizer que o bordão “vou fazer o mesmo, de novo” resume a sua plataforma para 2022. Não que isto seja de todo ruim, afinal teve o Luz Fraterna, Leite das Crianças e outros programas sociais que, de certa forma, deram certo. O problema é que isto atende o momento atual.
Requião, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, carregam em seu discurso a palavra reconstrução. No imaginário popular, trabalham a volta de um passado que deu certo. Acreditam que a saudade de tempos melhores mexa com o eleitorado, hoje tão manipulado por correntes de whatsapp e grupos no Telegram.
Pode-se dizer que para Lula o passado seja mais promissor que para Requião. Quem vota em Lula lembra da comida de qualidade e diversificada na mesa e não esquece que já teve dinheiro no bolso, além de emprego garantido. Isso se soma ao desgate do estilo destruidor do presidente Jair Bolsonaro, que cometeu erros na economia, na saúde (no combate ao Covid) e na pauta dos costumes.
E para Requião, como fica? Esse é o desafio do ex-governador. No passado, Requião surfou na pauta do pedágio (o qual não venceu e enganou seu eleitor) e pegou um governo bem-estruturado pelo ex-governador Jaime Lerner, que deixou projetos de obras e dinheiro no caixa, inclusive para dar reajuste aos professores e servidores. Sem contar na alta da arrecadação do ICMS, fruto da industrialização promovida por Lerner.
Atualmente, Requião não tem novidades. Na verdade, ele precisa construir esperanças, mostrar que pode transformar a vida da sociedade paranaense. Seu discurso não está adequado à mudança que o Paraná viveu nos últimos anos, tornando-se mais conservador e mais a direita, desde que saiu do poder há 12 anos.
Com a estrela vermelha no peito, Requião terá que conquistar o eleitorado paranaense, inclusive parte da esquerda que o tem meio atravessado. E terá que ter um embate com o governador Ratinho Junior. Apesar de ter feito um governo sem grandes novidades e avanços, Ratinho Junior fez o dever de casa e não desagradou o eleitorado.
Enfim, Requião precisa ouvir novos marqueteiros que falem com a sociedade, abandonando o velho discurso surrado da Carta de Puebla, da indignação e demonização do empresariado.