A Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio, tem agora uma figura ilustre para recepcionar seus visitantes: ninguém menos que Machado de Assis (1839-1908). Por meio de uma tecnologia de “avatar humanizado”, que funciona com o uso de inteligência artificial, o “escritor” vai interagir em tempo real, respondendo a questões sobre sua vida e obra.

 

O lançamento da iniciativa aconteceu na terça-feira (5). Durante uma transmissão ao vivo no perfil no Instagram da ABL, seguidores puderam enviar perguntas para Machado.

 

Na rede social, no entanto, usuários reclamaram do sotaque paulista na voz do autor carioca. E outros questionaram a tonalidade mais clara da pele do escritor, que era negro.

 

Em resposta, a Academia Brasileira de Letras postou que “a tonalidade mais clara da pele do avatar de Machado é resultado da iluminação no vídeo”. “Será um prazer recebê-lo na sede da ABL, na cidade do Rio de Janeiro, para que possam conhecer a tecnologia de forma mais realista.”

 

A abertura da atração para o público aconteceu na quarta (6). Qualquer pessoa que passar pela sede da ABL e fizer uma visita guiada poderá fazer perguntas para o avatar de Machado de Assis, programado para responder questionamentos sobre sua trajetória.

 

O projeto é da empresa gaúcha Euvatar Storyliving, que atua no desenvolvimento de experiências e narrativas com o uso de IA. A chamada tecnologia de “avatares humanizados” conta com funcionalidades avançadas, como reconhecimento de voz, personalização profunda e integração com banco de dados. Batizado de “Euvatar AI”, a ferramenta é descrita como uma “pessoa digital”, com rosto, corpo e voz.

 

Atualidade

A reportagem teve a oportunidade de fazer uma pergunta para o avatar de Machado: entre as suas obras, qual acha que mais conversa com os dias de hoje?

 

“Todas as minhas obras refletem aspectos atemporais da natureza humana e da sociedade. No entanto, considero que Memórias Póstumas de Brás Cubas continua a conversar de forma vívida com os dias de hoje”, respondeu o “escritor”. “A reflexão sobre a mortalidade, o tédio e a visão irônica da vida social e política ainda ressoam em um mundo contemporâneo marcado por questionamentos semelhantes.”

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(Foto: Reprodução)

(Estadão Conteúdo)