No dia 12 de março de 2020, o Paraná confirmava os seis primeiros casos do “novo coronavírus”. A doença, nominada posteriormente como Covid-19, já circulava em algumas regiões do Brasil e foi diagnosticada no Estado um dia depois da declaração de situação de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O que mudou nesse período?
As duas primeiras mortes em decorrência da Covid-19 foram confirmadas após duas semanas, no dia 27 de março. Desde então, mais de 2,3 milhões de casos foram confirmados no Estado e 42,4 mil paranaenses foram a óbito por complicações da doença. “Passamos por algo inimaginável e agimos sempre com muita cautela e transparência para que hoje pudéssemos olhar para trás com segurança de que fizemos tudo aquilo que poderia ser feito pelos paranaenses”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
O combate à doença começou antes mesmo da confirmação da circulação no Paraná. Prevendo a chegada do vírus e a gravidade da contaminação, o Estado já vinha se preparando há, pelo menos, um mês. Além disso, o Governo criou um Comitê Gestor de Enfrentamento da Covid-19, abrangendo diversas áreas para discussão e tomada de decisão e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) instituiu um Centro de Operações de Emergências (COE) para monitoramento da doença no Paraná, no Brasil e no mundo.
O planejamento e o cuidado com o tema contribuíram para que o Estado pudesse ser reconhecido nacionalmente por decisões assertivas e eficazes durante o enfrentamento contra a doença. O Paraná adquiriu respiradores pelo menor preço no Brasil, se mantém como líder em testagem proporcional pela sua população desde o início da pandemia, investiu na própria Rede Hospitalar em vez de estruturas provisórias e comprovou a isonomia na distribuição das vacinas para os 399 municípios.
“As ações da Saúde do Paraná não foram para este ou aquele município, foram para todos os municípios do Estado, desde a Capital, que tem a maior população, até as menores cidades. Essa é a regionalização proposta pelo governador Ratinho Junior”, disse Beto Preto. Desde então foram R$ 1,6 bilhão em investimentos e a formação de uma rede de atendimento nunca vista na história do Estado.
Para isolar os infectados pela doença dos demais pacientes nos serviços de saúde de todo o Estado, o Governo traçou a estratégia de criação de leitos exclusivos para atendimento a suspeitos ou confirmados com Covid-19, dentro da Rede Hospitalar já existente. Em poucos meses, o Paraná dobrou o número de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), somando aos 1,2 mil leitos gerais mais 2 mil leitos só para atendimento à Covid.
Nesse período o Estado também investiu em respiradores e monitores, palavra até então desconhecida do dicionário popular. E, em meio a escândalos nos outros estados, conseguiu adquirir os equipamentos com transparência e agilidade.
Com o aumento expressivo no número de casos na chamada “segunda onda”, registrada por volta de março de 2021, com a chegada da variante Delta, os serviços de saúde ficaram sobrecarregados e foi necessário investimento expressivo para abertura de mais leitos. O Paraná somou, em junho, 4.987 leitos exclusivos para a Covid, com pelo menos 90% de ocupação. Naquele período, pelo menos seis mil pessoas estavam internadas entre as unidades exclusivas, pronto atendimentos e serviços privados.
Essa sobrecarga na rede hospitalar trouxe um novo desafio para o enfrentamento à doença: a escassez de medicamentos elencados no chamado “kit de intubação”, para sedação e manutenção da sedação de pacientes intubados em leitos de UTI. “Vivemos momentos dramáticos, nos quais chegamos perto de zerar nossos estoques de medicamentos, mas sempre conseguimos manter as aquisições em dia”, disse Beto Preto.
Após um 2020 turbulento, o ano de 2021 também trouxe um alento. As vacinas contra a Covid-19 chegaram ao Paraná em janeiro do ano passado, inicialmente em pequenas quantidades e destinadas para grupos prioritários formados por profissionais de saúde e idosos.
Após a segunda onda da doença, em conjunto com o avanço da imunização – mesmo que ainda restrita -, os números de casos e óbitos começaram a apresentar queda no mês de julho, sendo que os diagnósticos positivos naquele mês foram pelo menos 58% menores e as mortes reduziram 51% em relação a junho.
Nos quatro meses seguintes, o Estado apresentou queda nos índices mês após mês, chegando a 9,3 mil casos e 128 mortes registradas em dezembro, em uma redução de mais de 90%. Porém, com a chegada da variante Ômicron, os números voltaram a subir em todo o Paraná, sugerindo uma “terceira onda” da doença.
Janeiro de 2022 foi marcado por mais de 448 mil diagnósticos positivos para a Covid, além de 561 óbitos. Mesmo com o aumento expressivo na contaminação pelo vírus, os índices de internações e mortalidade da doença se mantiveram estáveis, comprovando a efetividade dos imunizantes utilizados.
Passado o período considerado mais crítico da contaminação pela Ômicron, os dados epidemiológicos apresentam queda e agora o Governo do Estado se prepara para mais um importante passo nesta história: a possível flexibilização do uso de máscaras. Item indispensável durante este combate a Covid-19, o uso da máscara é obrigatório por lei no Paraná, mas poderá ser dispensado em ambientes externos nos próximos dias, dependendo do cenário epidemiológico da doença.
Curitiba
Em Curitiba, um homem de 54 anos foi o primeiro caso confirmado da covid-19 na cidade, em 2020. A confirmação veio após ele regressar de uma viagem pela Europa, apresentar sintomas e procurar atendimento na rede privada de saúde. Ele conseguiu se recuperar da doença.
Antes mesmo da confirmação do primeiro caso, Curitiba se preparava para o então “novo” coronavírus: tinha protocolos e orientações divulgados para profissionais da saúde, população, escola, comércio e demais espaços públicos. O município também respondeu agilmente à evolução do vírus, com a criação de mais leitos de internação à medida do necessário. Assim, a cidade chegou a ter 1.294 leitos SUS exclusivos para a covid-19 (sendo 548 leitos de UTI e 746 de enfermaria clínica).
Nos momentos mais desafiadores – como os dois períodos em que a cidade esteve na bandeira vermelha (23 dias entre março e abril e 13 dias entre maio e junho de 2021) –, a SMS reestruturou sua rede de atendimento: separou fluxos nas Unidades de Saúde, tornou as UPAs pontos de internamento e ativou três hospitais para atendimento dos casos de covid-19 (Hospital Vitória, Instituto de Medicina e a Casa Irmã Dulce.
Curitiba registrou, até esta quinta-feira (10/3), um total de 412.894 casos confirmados. Destes, 401.035 se recuperaram (97,1% do total), estão liberados do isolamento e sem sintomas da doença. Desde o início da pandemia, foram contabilizadas 8.162 mortes de moradores pela doença. Nesta quinta, foram registrados quatro óbitos (um deles nas últimas 48 horas). As vítimas são dois homens e duas mulheres, com idades entre 71 e 93 anos. São 3.697 casos ativos na cidade, correspondentes ao total de pessoas com potencial de transmissão do vírus. O número é 4,5 vezes menor que o maior registro, 16.739 casos, há 38 dias (1º/2).
Com apoio da vacina e das medidas de prevenção, Curitiba está há 8 meses em bandeira amarela (desde julho/2021). Com a melhora dos indicadores, os estabelecimentos voltam a poder funcionar com a capacidade máxima de público a partir desta quinta-feira.
Atualmente, a cidade tem 84,2% da população vacinável (com 5 anos ou mais) completamente imunizada (dose única ou duas aplicações). Ao todo, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) já aplicou mais de 4 milhões de doses da vacina anticovid e segue aplicando o imunizante para quem ainda tem doses a receber (primeira e segundas doses e reforços).
A cor da bandeira como referência para as restrições contra a covid-19 foi uma das ações da Prefeitura no combate à pandemia. Criada em junho de 2020, passou a mensurar e apresentar a situação da pandemia e nortear medidas sanitárias para manter o sistema de Saúde com capacidade de atendimento.