Uma das alternativas para reduzir a dependência de importação de fertilizantes do Brasil está abandonada e os equipamentos estão deteriorando. A Ansa/Fafen (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados) de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, foi fechada pelo presidente Jair Bolsonaro em fevereiro de 2020. O ato é criticado pelo deputado federal Zeca Dirceu (PT), que cobra uma posição do governo federal.
“Em fevereiro de 2020, numa canetada, Bozo fechou a fábrica de Fertilizantes Nitrogenados no Paraná (FAFEN-PR), deixando mil pessoas desempregas e o Brasil dependente da importação do insumo. Agora a agricultura e o povo do nosso país sofrem com as atitudes insanas deste desgoverno”, critica o petista.
A queixa de Dirceu tem fundamento. A fábrica paranaense era responsável pela produção de 30% do mercado nacional de ureia e amônia e 65% de agente redutor líquido automotivo (Arla 32), aditivo usado em veículos de grande porte e que contribui para a redução de emissões atmosféricas. A Ansa (Araucária Nitrogenados S.A.) ou Fafen-PR foi criada em 1982 pela Petrobrás. Em 1993 ela foi privatizada e, em 2013, reestatizada.
Na gestão da Petrobrás, nos anos de 2013 e 2014, a Fafen-PR obteve bons resultados e lucros. A fábrica trabalhava integrada com a Repar (Refinaria do Paraná – Presidente Getúlio Vargas), utilizando como matéria-prima o Rasf (resíduo asfáltico) da refinaria. Os produtos gerados eram muito competitivos com os importados, isentos de impostos.
A partir de 2016, com presidente Temer, Pedro Parente adota o PPI (Preço de Paridade de Importação) como política de preços para o petróleo e derivados e inicia a desverticalização e desintegração da Petrobrás. A desintegração da fábrica com o refino (Repar) e a precificação do insumo (Rasf) como se importado fosse, e não como resíduo do refino, inviabilizam economicamente a Fafen-PR.
A desativação da Fafen-PR teve forte impacto na economia local, principalmente de Araucária e Região Metropolitana de Curitiba. Também aumentou a dependência do país da importação dos fertilizantes nitrogenados, um mercado suscetível às oscilações climáticas e geopolíticas que no presente nos coloca de joelhos perante os exportadores frente à escassez da oferta e aumento da demanda.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, batalha para reativar e repassar a fábrica para iniciativa privada. Mas até o momento a Petrobras ainda não pôs pauta essa proposta. Ao que tudo indica, a fábrica vai ficar se deteriorando e o Brasil cada vez mais dependente do fertilizantes internacionais.