Se até em futebol amador tem juiz no campo, porque não por um no campo da política paranaense e, também, da brasileira. Pelo andar da carruagem será preciso expulsar os excessos e evitar o pior nessa eleição. A postura do deputado estadual Coronel Lee (DC), na última quarta-feira, ameaçando de morte o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, merecia um cartão vermelho.
Após admitir que já matou sem-terra em um confronto em Quedas do Iguaçu, em 2016, Lee teve o desplante de ameaçar Lula, caso fosse para a sua região. Numa atitude desrespeitosa e criminosa (ameaçar de morte é crime segundo o artigo 147 do Código Penal), o deputado da Democracia Cristã (cristã??) não se arrependeu do que fez e saiu elogiado em suas redes sociais, como um herói e um exemplo a ser seguido. Lee justificou seu ato afirmando que respondeu a Lula, que disse para as pessoas irem cobrar dos políticos e incomodarem os mesmos em sua casas. Uma atitude desproporcional.
Num mundo em que as pessoas replicam atitudes e gestos, a ameaça de Lee é mais um peça da escalada de violência que vai tomar essa eleição. A violência verbal e constante vem sendo um mecanismo muito utilizado pela extrema-direita brasileira, sintetizados nos gabinetes do ódio.
E esse clima agressivo tem ganhado força e deve afetar pessoas mais suscetíveis ao chamado de ações extremadas, que podem gerar conflitos físicos e também feridos e mortes. Não podemos esquecer que há um aumento considerado na compra de armas.
A sociedade brasileira vai enfrentar nessa eleição o ápice de uma escalada de ódio, que vem sendo montada ao longo de anos. Se a extrema-direita se mostra belicosa, não se deve esquecer que a esquerda trabalha, de novo, no clima de santificar um lado e reforçar que há o lado deles e o lado santo da esquerda.
Esses dois movimentos reduzem a aceitação do diferente e intensificam as divisões. Sem conciliadores no meio, o jogo será uma pelada de várzea, com rasteiras, golpes sujos e muita gente machucada. O Tribunal Superior Eleitoral não é competente o suficiente para dar conta dessa guerra entre dois lados que fervem.
E para piorar, políticos irresponsáveis, como o coronel Lee, acabam fomentando mais atritos e mais animosidades. Agora é hora de os políticos baixarem a poeira.
O cenário não se mostra tranquilo. Teremos sorte se não houver mortes, mas muito provavelmente haverá feridos fisicamente e uma cisão ainda mais profunda na sociedade.