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04/05/2024

IA no fronte das eleições: como proteger a Democracia brasileira?

ia

Por Marcelo Senise

 

As eleições na Argentina demonstraram como a Inteligência Artificial ameaça nossa democracia e a imperativa busca por regulamentação urgente como salvaguarda

 

As eleições recentes na Argentina marcaram uma virada significativa na interface entre a tecnologia e a política. Não foi apenas um processo eleitoral comum; foi um marco na revolução tecnológica, impulsionada pelo uso extensivo e multifacetado da Inteligência Artificial (IA). Esta revolução não se limitou à produção de deepfakes e manipulações de conteúdo. Estendeu-se à análise detalhada e preditiva do eleitorado, à micro segmentação do público e à compreensão dos movimentos emergentes dos eleitores. Esse acontecimento monumental deixou claro que o escândalo da Cambridge Analytica nos EUA, na eleição de Donald Trump, e o Reino Unido na questão do Brexit, foi apenas um vislumbre, há mais de seis anos, do que estaria por vir.

 

No dia 16 de novembro, durante seu depoimento no Congresso dos Estados Unidos, Sam Altman, CEO da OpenAI, destacou enfaticamente o perigo inerente ao uso da IA para comprometer eleições. Ele ressaltou que a IA transcende a produção de deepfakes, sendo um ecossistema complexo capaz de manipular dados para influenciar a opinião pública e as decisões políticas. A autonomia dos sistemas de IA na segmentação de eleitores levanta questões éticas profundas, alimentando estratégias personalizadas baseadas em informações enviesadas. O impacto vai além da disseminação de informações distorcidas; é a manipulação das percepções coletivas, uma ameaça real à integridade dos processos democráticos.

 

A discussão sobre a regulamentação da IA nos processos eleitorais ultrapassou o âmbito acadêmico. É uma necessidade premente para preservar a integridade dos sistemas democráticos. A ausência de regras claras e éticas pode corroer a confiança pública, minar a legitimidade do processo eleitoral e colocar em risco os fundamentos de nossas democracias. É crucial que governos, organizações e a sociedade civil unam esforços para estabelecer estruturas regulatórias sólidas, visando um uso ético e transparente da IA em processos eleitorais. Ignorar essa necessidade é arriscar o futuro de nossos sistemas democráticos diante do avanço tecnológico desenfreado.

 

Durante o recente COMPOL 2023 (Congresso de Comunicação Política e Institucional), realizado em Belo Horizonte no início de novembro, ecoou um alerta. Operadores de comunicação política, marqueteiros, jornalistas, juristas, membros da comunidade acadêmica e outros representantes expressaram preocupação com o uso desenfreado da IA nas eleições. O consenso é claro: a falta de regulamentação do uso da IA nos processos eleitorais coloca em sérios riscos a democracia brasileira. Diante disso, lançaram-se as bases para a criação do IRIA (Instituto Brasileiro para a Regulamentação da Inteligência Artificial), visando estimular o debate nacional e a formação de uma força-tarefa dedicada à criação de mecanismos mínimos para garantir a ética nos processos eleitorais.

 

O chamado é para ação imediata. O futuro de nossos processos eleitorais e da democracia brasileira está em jogo. A pressão para regulamentar a IA nos processos eleitorais deve ser uma prioridade absoluta. É hora de agir para proteger os pilares fundamentais de nossa democracia.

 

O momento exige ação imediata no Brasil.

 

É imperativo que se inicie um debate amplo e profundo sobre a regulamentação da Inteligência Artificial nos processos eleitorais. A criação de uma força-tarefa conjunta, composta por parlamentares, representantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Ministério Público Eleitoral e profissionais do mercado da comunicação política é urgente e essencial. Essa força-tarefa deve se dedicar à formulação de parâmetros mínimos que assegurem a integridade do processo eleitoral e a preservação do sistema democrático. Somente por meio de uma abordagem colaborativa e decisiva poderemos enfrentar os desafios impostos pela IA nas eleições e proteger os alicerces da nossa democracia.


Marcelo Senise – Idealizador do Instituto Brasileiro para a Regulamentação da Inteligência Artificial, Sócio Fundador da Comunica 360º, Sociólogo e Marqueteiro, atua há 34 anos na área política e eleitoral, especialista em comportamento humano, em informação e contrainformação, precursor do sistema de analise em sistemas emergentes e Inteligência Artificial. Twitter: @SeniseBSB/Instagram: @marcelosenise

 

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