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29/04/2024



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Jesus Kid, de Aly Muritiba, garante risadas em tom de crítica

 Jesus Kid, de Aly Muritiba, garante risadas em tom de crítica

Como é revigorante assistir cinema brasileiro e, ainda, quando é de boa qualidade. Jesus Kid dirigido e roteirizado por Aly Muritiba (Para Minha Amada Morta, Ferrugem e Deserto Particular), traz uma mistura que funciona: comédia repleta de humor ácido, referências ao gênero western (um caricato justificável), pitadas de suspense e a relevância do político social presente como forma de crítica que acontece de forma mais do que bem-vinda para o longa metragem. Ainda que Jesus Kid traga um cinema com técnicas diferentes de Muritiba e algo inédito em sua filmografia, na história acompanhamos uma mesma premissa que ele mesmo fez questão de responder na coletiva de imprensa realizada no último sábado (04). Nesse longe, o espectador presencia a vida de um homem de meia idade, solitário e com dificuldades na vida impostas pela sociedade. Assim como o fez em seus filmes anteriores, exemplo de Deserto Particular.

 

Vale destacar aqui que trilha sonora, som direto e mixagem de som, encorpam o filme de maneira grandiosa. Sabe quando tudo no filme (aparentemente) é pensado no mínimo detalhe para que passe a mensagem, para que o espectador entenda a proposta do diretor? É essa a impressão que temos ao ver Jesus Kid. Com atuações de Leandro Daniel como Chet (ponto alta de atuação no longa), Paulo Miklos como Eugênio, Maureen Miranda como Nurse e Sérgio Marone como Jesus Kid, a obra se preocupe em ser boa para os cinéfilos (ainda que tenha bastante referência no sentido de faltar algo novo), mas não só, se preocupa em agradar o público em geral, em ser comercial (ainda que o viés político pode não agradar a todos). E isso é um grande trunfo.

 

Baseado no livro de Lourenço Mutarelli, na trama acompanhamos um escritor de histórias do gênero western, Eugênio, que já não faz mais o mesmo sucesso de antes. Um homem solitário, que notavelmente é assombrado por seu famoso personagem: Jesus Kid. Certo dia, Eugênio é contratado para escrever um roteiro de um escritor imerso por três meses em um hotel que compartilha dos desafios da escrita, sobre os desafios que poderiam surgir dali. Para isso, ele se hospeda neste hotel e é aí que temos um bom ponto de virada onde surge a dúvida para o espectador: o que é real e o que é ficção? Essa pergunta não é necessariamente respondida, o que não é um problema, visto que o roteiro não busca menosprezar o público e, sim, o fazê-lo pensar.

 

Em Jesus Kid é perceptível algumas referências que encaixam muito bem com a obra. Desde Wes Anderson com o Grande Hotel Budapeste, Barton Fink: Delírios de Hollywood (1991) um dos mais bem-sucedidos feitos dos irmãos Joel e Ethan Coen, até cenas tarantinescas com sangues para todos os lados. A originalidade em si presente no filme é o cunho político que envolve paródias sobre o cenário militarista-cristão-elitista do país. Ainda, na obra também se torna perceptível a construção humana exagerada no sentido de que não se trata de um filme de gente, mas de tipos de gente que, em Jesus Kid, beiram a cartum. O que, novamente, não é um problema visto que se trata de algo proposital.

 

Vale ressaltar também que não se trata de um filme de faroeste. Mas sim, de um filme de comédia com humor ácido que usa do faroeste como tom cômico e caricato. Uma comédia que usa da metalinguagem em comunicação com o western spaghetti e com a chanchada satírica. Além disso, trata-se de um filme que trata a disparidade Governo versus Arte que, ainda que eu tenha falado sobre ser um filme comercial, pode ser que não agrade a todos por conta do viés político. Admito que no início do filme os estereótipos e clichês me incomodaram um pouco, mas ao decorrer foi fácil perceber que é justificável e proposital. Ao refletir sobre o todo, temos aqui mais um grande trabalho de Aly Muritiba. Jesus Kid chega aos cinemas brasileiros em 9 de junho e no streaming no dia 10. Não perca a oportunidade de assistir e valorizar o cinema nacional. Se você é de Curitiba, com certeza irá se identificar com as cenas gravadas na cidade, afinal, Jesus kid é feito aqui para o mundo.

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