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06/05/2024

Lula, Bolsonaro ou 3ª via? Chances e desafios de cada um

bolsonaro

E o mês de maio encera hoje com algumas tendências bem consolidadas: se a eleição para Presidente fosse hoje, o ex-presidente Lula seria o próximo Presidente do Brasil, e com chances de ganhar no primeiro turno.

 

Mas como todos os futebolistas sabem, o jogo só termina quando o juiz apita, e já vimos viradas históricas nos últimos minutos dos acréscimos do segundo tempo.

 

É certo que as pesquisas refletem o momento em que são feitas, e não podemos cravar “hoje” o que vai acontecer em 2 de outubro, porém podemos analisar a tendência consistente de todas as pesquisas feitas até agora. Segundo levantamento do Estadão, só em maio foram 12 pesquisas e desde dezembro de 2021 já foram 58, todas apontando Lula e Bolsonaro liderando com folga, Ciro Gomes em terceiro e os demais lutando para marcar alguns pontos se alternando em cada levantamento sem apresentar qualquer tendência de crescimento até agora.

 

A distância entre Lula e Bolsonaro oscila entre 7 a 21 pontos percentuais dependendo do momento em que foram feitas, o Instituto e a metodologia utilizada.

 

Quando analisamos separadamente os levantamentos de cada instituto verificamos que na linha de tempo de cada um as oscilações são bem menores, mantendo as proporções de subida e descida conforme os fatos ocorridos em cada período.

 

Isto dá uma visão muito mais clara para entendermos que o eleitor está mais sensível a alguns assuntos, como por exemplo a economia, que tem sido o termômetro mais preciso nas últimas eleições no Brasil e no mundo.

 

Ontem recebi mais duas pesquisas, feitas entre 27 e 29 de maio:

 

1) Data Folha: Lula vem em primeiro com uma diferença de 21 pontos percentuais para Bolsonaro em segundo;

2) Poder Data: Lula em primeiro e a diferença é de 8 pontos percentuais na frente de Bolsonaro;

3) E a última publicada ontem (30/5), do FSB, onde Lula aparece com 46% e Bolsonaro 32% com uma diferença de 14 pontos percentuais.

 

Este cenário com resultados tão diferentes deixa o eleitor confuso e desacreditado das pesquisas, mas na realidade é a única fonte de informação que a maioria dos eleitores tem para o processo de tomada de decisão. É por isso que em ano de eleições alguns candidatos questionam a validade das pesquisas e até proibição de sua divulgação.

 

Mas tomando por base apenas a tendência apontada em todas, sem o foco nos números, podemos dizer que já existe uma polarização e que uma terceira via tem poucas chances de viabilidade.

 

Quais os principais desafios de cada um?

A) Para Lula se manter na frente basta continuar apresentando os resultados negativos dos últimos três anos na economia com desemprego, inflação, desabastecimento, aumento dos combustíveis e suas consequências. Quando compara com os resultados de seu governo é um argumento muito forte. Claro que ele conta com a falta de conhecimento e a pouca memória do eleitor para entender a diferença dos cenários dos dois períodos. Até agora está funcionando.

 

Quando ele traz a discussão para os dias atuais, evita o debate sobre os problemas enfrentados nos dois mandatos do PT, da Presidente Dilma. E a mídia nivela a situação quando ataca os possíveis casos de corrupção no Governo de Bolsonaro e sua família. É uma espécie de vacina contra qualquer menção da saga da Lava-jato.

 

Até agora Lula tem feito bem este trabalho, e isto pode nos ajudar a entender sua liderança. Outro desafio é tentar evitar que outra liderança de esquerda comece a crescer e possa tirar alguns votos que possam diminuir sua liderança, criando a perspectiva de uma nova opção. Por enquanto, Lula é a única opção para quem não quer a reeleição do Bolsonaro.

 

B) Para Bolsonaro serão necessários vários movimentos. Começar a campanha de reeleição em segundo lugar é muito desconfortável e, se não me engano, é um cenário diferente desde que a possibilidade de um segundo mandato foi aprovada.

 

Talvez esta seja uma das razões para desqualificar as pesquisas. Ele precisa quebrar a expectativa de que Lula já ganhou e não tem chance de reverter o resultado. Precisa manter seu eleitorado acreditando que “nas ruas” ele continua na frente para não arrefecer a mobilização

 

Apresentar suas realizações e as dificuldades que enfrentou e impediram de realizar todas as suas propostas. Combater a mídia que tem sido implacável com sua imagem de incompetente, autoritário, radical e desagregador.

 

Ampliar os esforços para uma melhora no desempenho da economia, contando com um crescimento externo que favoreça aos negócios no país. Este talvez seja o item mais difícil até o final do ano.

 

Trabalhar nos bastidores do Congresso para manter o maior número de candidatos possíveis para garantir um segundo turno.

 

Reforçar a ideia de que quatro anos é muito pouco e precisa de mais um mandato para fazer as mudanças necessárias. Este argumento foi responsável pelo segundo mandato de todos os seus antecessores.

 

Relembrar aos eleitores os problemas levantados pela Lava-jato e reacender o medo da volta do PT ao poder.

 

C) Para o sucesso de uma terceira via os desafios são muito grandes, e o primeiro e mais importante é administrar a expectativa de cada partido que deseja a composição de ser o cabeça da chapa.

 

A escolha do candidato esbarra no nível baixo de conhecimento, em nível nacional, de todos os possíveis nomes apresentados. Este problema se torna maior pelo pouco tempo, até a eleição, para construção da imagem de uma nova liderança, capaz de ofuscar os líderes atuais nas pesquisas.

 

Porém o maior risco da criação de uma terceira via é diminuir as opções para o eleitor aumentado a polarização e o desfecho da eleição no primeiro turno.


  • Pesquisa DataFolha: foram entrevistadas 2.556 pessoas de 25 a 26 de maio em 181 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-05166/2022.
  • Pesquisa Poder Data: foram 3.000 entrevistas em 301 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%. O registro no TSE é BR-05638/2022.
  • Pesquisa FSB: ouviu, por telefone, 2.000 pessoas entre os dias 27 e 29 de maio. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-03196/2022.

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