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03/05/2024

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‘Nanook, O Esquimó’: visitando o primeiro documentário da história

A Caixa Cultural Curitiba está com uma programação massa essa semana. O CineConcertos é um projeto de exibição gratuita de filmes clássicos do cinema mudo acompanhados por música ao vivo, com músicos convidados e uma pegada meio de improviso. Não resisti a ideia de ver Nosferatu (1922), um dos meus favoritos. Coloquei a roupa mais gótica que consegui encontrar no armário e fui confiante para a fila retirar meu ingresso. Dei de cara com o panfleto que dizia Nanook, O Esquimó (1922). Nosferatu só no dia seguinte.

 

Puxei a Wikipédia e descobri que se tratava do primeiro documentário da história. Achei legal e decidi encarar e contar a experiência por aqui, afinal, caro leitor, nunca trocamos uma ideia sobre filmes de não ficção. E nada melhor para a primeira coluna sobre um documentário do que o primeiro documentário.

O doc acompanha a rotina de Nanook e sua família de esquimós da tribo Inuit e seus huskies puxadores de trenó. Os registros mostram o grupo caçando focas, construindo iglus e trocando peles por utensílios com mercadores canadenses no inverno infernal do Ártico. Momentos cotidianos como quando o esquimó ensina seu filho a caçar usando um pequeno arco e flecha para acertar um ursinho polar feito de neve se misturam com o drama da busca por alimentos em meio ao deserto de neve para matar a fome que dura dias.

 

 

Os anos 1920 foram super experimentais quando o assunto é cinema (um salve para Nosferatu, outra hora eu te assisto de novo) e a busca por temas inéditos levou o diretor estadunidense Robert J. Flaherty a querer contar a forma curiosa como os povos do norte viviam e superavam a natureza hostil. O cineasta já conhecia o povo Inuit de algumas expedições passadas e resolveu registrar situações cotidianas do pequeno grupo. É aí que a polêmica de Nanook, O Esquimó começa.

 

Apesar de ser considerado um trabalho antropológico, o filme cai em um limbo entre realidade e ficção que complica um pouco o seu status de “documentário”. Alguns takes são encenados e nem tudo que está ali corresponde à realidade. Enquanto no longa os Inuits caçam com lanças e facas, na vida real as armas de fogo já eram utilizadas. Até mesmo o nome de Nanook é inventado para soar melhor para o público dos Estados Unidos e Europa nas salas de cinema – o verdadeiro nome do personagem é Allakariallak.

 

Não me leve a mal, documentário é super interessante, e muito bem feito. Nanook e sua família são bem carismáticos e é bom poder conhecer seu estilo de vida tão único. Obviamente o olhar do “homem branco” sobre os costumes indígenas merece algumas críticas e pode não agradar tanto um espectador moderno – pelo menos não me agradou. Mas o valor histórico e cultural é inegável. Ah, morri de frio durante toda a sessão só de olhar para toda aquela neve. Tudo isso ao som de jazz…

 

 

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