Neste mundo transformado pela pandemia, você quer ser árvore velha ou camaleão? Não entendeu? Vem comigo.
Quando a pandemia começou, achávamos que duraria muito menos do que está durando, fomos pegos de calças curtas. E se tem uma coisa que o ser humano tem dificuldade em lidar é com mudanças e a incerteza. Tínhamos a falsa ideia de controle e, com a pandemia, ela foi colocada em xeque. Nosso ambiente foi modificado de uma hora para outra, nos deixando atordoados.
Tivemos que nos adaptar na marra. Se sabemos conscientemente que precisamos nos adaptar, porque resistimos tanto? Porque nosso cérebro é econômico. Onde puder poupar energia ele o fará, transformando tudo em hábito. Não quer saber de jeito nenhum de mudanças, aliás, a mudança é um fator de estresse, ele odeia, mesmo as mudanças mais simples, como escovar os dentes com a mão contrária a que sempre usou, por exemplo.
Nos acostumamos a fazer as coisas do mesmo jeito e com o mínimo de esforço, porque mudar causa desconforto. O habito é muito eficiente, pois fazemos as mesmas coisas sem gastar tanta energia e tanto tempo. É como se a nossa mente fosse uma árvore velha com o tronco rígido, raízes profundas, ali ela foi plantada, ali ela fica, presa naquele único ambiente. Assim somos nós quando paramos e resistimos às mudanças. Ficamos presos aos nossos hábitos e crenças e cheios de inseguranças sobre o novo. Não queremos sair do lugar igual à árvore. Mas não tivemos essa opção. Vimos a necessidade de adaptação a um novo estilo de vida, nova rotina, com uma incerteza gigante em relação ao futuro.
Lidar com todas essas alterações é desafiador. Quando nos comportamos como árvore e precisamos mudar podemos apresentar sintomas de ansiedade, medo, pânico, tristeza, desânimo, desesperança, frustração, raiva e sensação de fracasso. Na instabilidade do ambiente, muitas coisas que fazíamos antes não se aplicam mais e temos que nos adaptar para sobreviver, e manter o comportamento rígido é a causa de muito sofrimento.
O que fazer, então? Mudar a mentalidade. Se formos observar um camaleão, percebemos que ele não sofre para mudar de cor. Simplesmente se adapta ao ambiente e muda. Sem resistência, sofrimento, comportamento teimoso em querer ficar como estava. Ele aceita a mudança, pois sabe que, ao fazê-la, vai sobreviver.
O contexto mudou e exige novas crenças e comportamentos. Não adianta querer fazer tudo como era antes. É preciso fazer uma mudança interna e buscar recursos emocionais, por si só ou no processo terapêutico, com um psicólogo. Ai entra a diferença entre a árvore e o camaleão. A árvore pergunta:
“Quando isso vai passar, voltar ao normal?” O camaleão se pergunta: “Como posso agir daqui por diante para me adaptar?”.
E eu te pergunto: você quer agir como uma árvore velha ou como um camaleão? A receita para o sucesso é ativar o modo camaleão. Quando você tem flexibilidade e muda sua postura mental, consequentemente, seus resultados também mudam. Dica para ativar o modo camaleão: faça uma lista com todas as mudanças que você já fez, ou passou na sua vida, das mais simples às mais complexas. Fazendo isso você perceberá que a mudança sempre está presente na sua vida, e que você deu conta de todas elas quando resolveu agir de forma diferente. Diga para sua mente: “Está tudo bem. Já dei conta de tantas mudanças e sei que dou conta desta também”.
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Gisele Finardi
Psicóloga