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18/05/2024

OPINIÃO

O ultimato do Paraguai

paraguai

Por Caio Gottlieb

 

Evoluindo sob penosas conversações que se arrastam — pasmem — há 25 longos anos, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, projetado para gerar benefícios mútuos entre os dois blocos através da redução e da eliminação de tarifas alfandegárias e barreiras protecionistas, além da simplificação de processos, normas e regulamentos que facilitarão as atividades de empresas e investidores em ambos os lados, começa a dar sinais de que pode naufragar.

 

Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, afirmou taxativamente que se o tratado de livre comércio com a UE não for finalizado até o dia 6 de dezembro, quando o seu país assume o lugar do Brasil no comando rotativo do grupo sul-americano, ele vai tirar o tema de sua pauta de prioridades.

 

Peña revelou na reportagem ter instado Lula a concluir o quanto antes as negociações, atualmente encalacradas em novas exigências ambientais impostas pelos europeus, alertando que, se isso não acontecer, ele vai trabalhar durante o seu período de seis meses à frente do Mercosul (que reúne também a Argentina e o Uruguai) para buscar acordos com outras regiões do mundo, citando, por exemplo, Singapura e os Emirados Árabes Unidos.

 

Destacando que o Paraguai “tem uma vocação muito forte para a integração, somos o país mais aberto da América Latina, fazemos negócios praticamente com todas as nações de todos os continentes”, ele observou que “o futuro do acordo não depende mais de debates técnicos, trata-se agora de uma decisão política que cabe unicamente à União Europeia”.

 

Sem meias palavras, Peña foi categórico: “Ou fechamos antes de 6 de dezembro, ou não fechamos nunca mais”.

 

Tem razão o líder paraguaio: depois de mais de duas décadas de exaustivas discussões, é hora de resolver o assunto de uma vez por todas.

 

E, além do mais, os europeus não estão com essa bola toda para impor suas regras no jogo. No mercado global, eles precisam tanto de nós quanto nós deles.

 

Resumindo: basta se enrolação.


Caio Gottlieb é jornalista, publicitário e editor do blog caiogottlieb.jor.br

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