Há muito se questiona a competência do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR), principalmente no que diz respeito à sua – suposta – imparcialidade. No julgamento desta quarta-feira (1), sobre a pancadaria do último Athletiba, mais uma vez faltou coerência e sobrou compadrio.
A começar pela pena imposta ao jogador David Terans. Causador do início da confusão, o meia do Athletico foi suspenso por apenas dois jogos. Todos os outros atletas, tanto do Athletico quanto do Coritiba, receberam penas maiores. Uma decisão sem o menor cabimento. Quem causa a briga e inflama os demais jogadores recebe uma espécie de puxão de orelha, enquanto Fabricio Daniel e Pedrinho, por exemplo, recebem pena de seis jogos suspensos, Alef Manga de cinco e Thiago Heleno e Pedro Henrique de quatro.
A leniência do TJD-PR com o Athletico ficou mais evidente com a pena, se é que pode ser chamada assim, aplicada pelos copos e objetos arremessados no gramado do estádio. O clube recebeu a “milionária” multa de R$ 2 mil. Pasmem o leitor, a invasão de campo de um torcedor atleticano, e agressão a um jogador do Coritiba, sequer mereceram punição. Que espécie de julgamento foi esse?
Vale lembrar o caso da invasão de campo do Coritiba, em 2009, quando o clube empatou com o Fluminense e caiu para a 2ª Divisão do Brasileiro. A punição à instituição foi extremamente severa, com a perda de 30 mandos de campo, multa de R$ 610 mil e a interdição do Couto Pereira. Em 2010, o time precisou mandar seus jogos, no Campeonato Paranaense, em Paranaguá, e, depois de recursos, 10 jogos do Brasileiro em Joinvile. Naquela ocasião o clube foi punido porque torcedores invadiram o campo. Hoje, quando um torcedor invade o campo e agride um jogador, o TJD “entende” que o Athletico não pode ser punido pelos atos da sua torcida. Mais distorções dos pesos e medidas.
A bizarrice, no entanto, não parou por aí. O vexame seria ainda maior e partiria do auditor doTJD-PR, Rubens Dobranski, que, num arroubo de “lusitanofobia”, atacou os técnicos portugueses que trabalham no Brasil. Sem qualquer critério, chamou o técnico Antônio Oliveira de “reclamão” com os árbitros do Paraná e disse que os profissionais portugueses “estão querendo marcar território”.
Oliveira respondeu dizendo que não olha cultura e nem nacionalidades e que cada pessoa tem sua índole. “Essa é a opinião do doutor. Cada um tem sua índole, educação e formação. Tenho minha maneira de viver os jogos. Para as pessoas continuarem me contratando é porque enxergam competência e profissionalismo”, retrucou. O português terminou a resposta dizendo que vai continuar com a forma emocionada de ver o jogo.
Em uma semana marcada pela revolta com um vereador gaúcho que ofendeu e agrediu preconceituosamente trabalhadores baianos, não tem cabimento aceitar as aleivosias do auditor do TJD paranaense. O vereador foi execrado pelo Brasil inteiro e, ainda, expulso do seu partido. O que merecia o senhor Dobranski?