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18/05/2024

OPINIÃO

Os perigos do ativismo judicial: quando a lei e a política se entrelaçam

opinião

Por Caio Gottlieb

 

Duas palavras que vêm dominando o noticiário político do país nos últimos anos: ativismo judicial. Duas palavras muito faladas, mas certamente pouco compreendidas pela grande maioria da população.

 

Duas palavras que traduzem a indevida e nociva interferência do poder judiciário, sobretudo dos integrantes do Supremo Tribunal Federal, em atribuições que são da exclusiva competência dos poderes executivo e legislativo e que estão na raiz da crise institucional vivida atualmente pelo Brasil.

 

Fenômeno que ocorre quando juízes interpretam a lei de maneira a promover agendas políticas pessoais, o ativismo judicial tem sido um tópico de debate persistente em muitos sistemas judiciais ao redor do mundo.

 

Embora alguns argumentem que isso é necessário para garantir justiça social, outros alertam para os perigos que ele representa para o sistema legal e a democracia em geral.

 

Uma das preocupações centrais do ativismo judicial é que ele mina o princípio fundamental da separação de poderes.

 

Em uma democracia, os poderes executivo, legislativo e judicial devem operar de maneira independente, para garantir que nenhum ramo do governo acumule muita autoridade e se torne hegemônico.

 

Quando juízes começam a moldar a legislação com base em suas opiniões pessoais, isso pode enfraquecer esse equilíbrio crucial.

 

O ativismo judicial também pode minar a confiança do público no sistema judiciário.

 

Quando as decisões dos tribunais parecem ser motivadas por considerações políticas em vez de uma interpretação imparcial da lei, a credibilidade dos tribunais acaba sendo prejudicada. Isso pode resultar em um público que questiona a imparcialidade dos juízes e a justiça do sistema.

 

Outro perigo do ativismo judicial é que ele pode substituir o processo democrático. Quando juízes fazem mudanças significativas na legislação por meio de decisões judiciais, eles podem estar agindo em desacordo com a vontade da maioria.

 

Ainda que o sistema legislativo seja imperfeito, ele é projetado para representar a diversidade de opiniões em uma sociedade democrática.

 

O ativismo judicial também torna as políticas suscetíveis a mudanças a cada nova nomeação de juízes.

 

Como juízes com opiniões políticas diferentes são nomeados ao longo do tempo, a direção da jurisprudência pode oscilar dramaticamente, resultando em insegurança jurídica e inconsistência nas leis.

 

Mesmo admitindo-se que o ativismo judicial possa ser defendido como um meio de alcançar a justiça social em circunstâncias específicas, seus perigos devem ser reconhecidos e cuidadosamente considerados.

 

É importante encontrar um equilíbrio entre a interpretação imparcial da lei e a promoção de objetivos políticos, a fim de proteger a integridade do sistema judicial e a confiança do público na democracia.

 

O debate sobre os limites do ativismo judicial continuará, à medida que as sociedades buscam encontrar esse equilíbrio delicado entre justiça e legitimidade.

 

Caio Gottlieb é jornalista, publicitário e editor do blog caiogottlieb.jor.br

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