A maioria da população brasileira rejeita a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli que anulou um conjunto de provas colhidas pela Lava Jato no caso da Odebrecht e que beneficiou a defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o instituto Atlas, 54,1% dos brasileiros discordam da decisão, enquanto 27,6% afirmam concordar com ela. Os que disseram não saber são 18,3%. Os dados foram colhidos por meio do método de recrutamento digital aleatório, que ouviu 3.038 respondentes entre os dias 20 e 25 deste mês. A margem de erro do estudo é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.
Mesmo com Lula sendo beneficiado pela decisão, 18,3% de seus eleitores no segundo turno da última eleição discordam da posição de Toffoli. Enquanto isso, 50,1% concordam e 31,6% disseram não saber. Entre os bolsonaristas, a reprovação é bem maior: 94,3%, contra 3,3% que concorda e 2,5% que diz não saber. A rejeição à anulação das provas também é majoritária entre os eleitores que dizem ter votado em branco (67,8%) e entre os que não votaram (17,7%).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) entrou, na sexta-feira (22), com um recurso no STF para o ministro Dias Toffoli esclarecer pontos da decisão, que atendeu a um pedido de Lula. A defesa do petista alegou que o acordo foi negociado com a ajuda de autoridades estrangeiras sem observar critérios de colaboração internacional. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) também entrou com recurso no STF. O procurador-geral de Justiça do Estado, Mario Luiz Sarrubbo, afirma que as provas foram usadas em “diversas ações e investigações” que agora estão em xeque. Ele pede que Toffoli reconsidere a decisão ou envie o caso ao plenário do STF. Para ele, a decisão só deveria valer para o caso de Lula e não em todos os casos em que as provas foram usadas.
Condenação dos primeiros réus do 8 de janeiro é aprovada
Entre os eleitores ouvidos pelo instituto Atlas, 45,4% concordam com a decisão que condenou os primeiros réus pelos ataques de 8 de janeiro. De outro lado, 40,7% discordam da decisão. Outros 14% não sabem. Também neste caso, como esperado, o apoio é maior entre os lulistas (77,4%) do que entre os bolsonaristas (8,8%).
Além da decisão de Toffoli, o Atlas também mediu as percepções dos brasileiros sobre a atuação dos ministros do STF em diversas questões. Em uma delas, ao serem questionados se confiavam no trabalho e nos ministros da Corte, 47,7% disseram que não, enquanto 44,5% afirmaram que sim. Os que não souberam são 7,8%.
Já em pergunta se há competência e imparcialidade dos ministros no julgamento dos processos, 44,7% disseram que sim, enquanto 40,8% apontam que não. Neste caso, os que não sabem são 14,6%.
Os eleitores ouvidos pelo Atlas também foram questionados se odeiam os ministros da Corte, como chegaram a dizer advogados de réus do 8 de janeiro no julgamento dos primeiros réus pelos ataques. A maioria, 51,7%, diz que não odeia, mas possui posição negativa sobre alguns deles. Outros 32,3% afirmam que, ao contrário, possuem opinião positiva sobre a maioria dos ministros. Enquanto isso, 16% respondem que “sim, odeiam”.
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