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27/04/2024

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Petraglia sai do silêncio e diz que o Athletico está à venda

 Petraglia sai do silêncio e diz que o Athletico está à venda

Afastado do dia a dia para cuidar da saúde, o presidente do Atlhetico, Mario Celso Petraglia, deixou o silêncio de lado e disse que o clube está à venda. “Nós batemos no teto, eu diria. Chegamos no nosso limite”, disse ele em conversa, por telefone, com o jornalista Rodrigo Capelo, do Globo Esporte. Confira os principais trechos:

 

Saúde

“Tô indo. Não me sinto na condição de voltar plenamente, então estou atendendo o clube de casa, por telefone, videoconferência; quando necessário, alguém vem aqui. Eu pedi licença para deixar a torcida sabendo das minhas condições, mas a princípio está tudo bem. Estamos tocando os projetos”.

 

SAF

“Nós contratamos o Bank of America para ser o nosso advisor no ano passado e a EY neste ano. Nosso projeto ficou realmente caro, comparativamente aos outros, dos endividados, que estavam vendendo pelo preço de um jogador de futebol. Esse pessoal na primeira onda veio muito mais para dar um calote nos credores. Nós conversamos, inclusive, com o senador Rodrigo Pacheco, autor da Lei da SAF, para dar alguns palpites da nova lei, e realmente sabia-se que ia ser isso que está acontecendo, mas não tinha outro caminho. Senão os clubes iam quebrar e quebraria a indústria do futebol brasileiro em pedaços”.

 

“A gente pensa em entrar nessa segunda onda. O clube não tem dívidas, já vem tendo resultados nos últimos dez anos. Fomos campeões da Copa do Brasil, bicampeões da Sul-Americana, e mostramos também que temos condições [de competir] mesmo sem aportes. Mas nós entendemos que a única forma da liga acontecer é profissionalizando a maioria dos clubes. Enquanto tiver mecenas, doadores, diretores sem vínculo empregatício, vai ficar nisso aí que estamos. Cada um olhando para seu umbigo e querendo ganhar para a satisfação da torcida todas as competições”.

 

Projeto

“Fizemos agora um roadshow nos Estados Unidos e não temos pressa. Queremos fazer o melhor projeto, pela infraestrutura que temos. O único clube que tem seu estádio pago, praticamente pago, porque só a venda dos naming rights garante a nossa parcela da dívida. A gente tem consciência que ganha sempre aquele que tem mais fluxo de caixa, porque tem mais condições de contratar atletas, comissão técnica, que enriquece a sua área técnica com valores de altíssimo nível. Não chegamos lá ainda”.

 

Como chegar lá?

“O fator determinante é a afinidade com o futebol. Não adianta só ter o dinheiro. Nós não queremos ficar com a responsabilidade total da gestão do clube, principalmente por aquilo que eu disse dos possíveis e ávidos… Porque o futebol é muito corrupto, lamentavelmente. Nós queremos fugir dessa corrupção, e eu só vejo essa fuga generalizada se todos… Claro que tem alguns clubes, Flamengo e Corinthians, com grandes torcidas, que será politicamente mais difícil. Mas nós queremos e já fizemos a primeira rodada no ano passado. Nós estamos na linha, ainda, de sentimento do mercado”.

 

Demora para formalizar a SAF

“Nós não fomos os primeiros justamente por não termos a dificuldade do endividamento. Por mais paradoxal que pareça. O Coritiba vendeu 90% de seus direitos, de sua companhia, para um fundo. Tudo indica que vai cair para a segunda divisão. O Vasco também está nessa leva aí. Só o Botafogo, caso à parte, encaixou o time, enquanto os outros jogavam três competições. Ele se dedicou ao Brasileiro e tem tendências a ganhar. Desde 1995 que eles não ganham o Campeonato Brasileiro”.

 

Por que vender o clube?

“Nós batemos no teto, eu diria. Chegamos no nosso limite. Nossa torcida é reduzida, um terço da torcida do Atlético-MG, do Cruzeiro, do Grêmio e do Internacional, que são clubes que maturaram na década de 70. O Athletico ficou pra trás. A maturação tem acontecido agora, no final do século, e leva 50, 60 anos para formar uma torcida. Ainda o Paraná é um fenômeno à parte, porque são três Paranás. O Paraná paranaense, o gaúcho e o paulista. Temos essa dificuldade ainda, mas estamos crescendo”.

 

Torcida

“Hoje já somos a maior torcida do estado; quando chegamos, era o Corinthians. Mas é lenta e gradual [a expansão]. Agora nós precisamos desses recursos para investir mais e mais naquilo que é estratégico, e nós temos demonstrado, pela nossa condição de mercado, de vendas de atletas… Bruno Guimarães, agora o Vitor Roque, e vários outros. Nós vendemos dois dígitos de euros e construímos tudo isso com vendas de jogadores. Sacrificando, muitas vezes, a performance em campo, porque você vende teu craque e ele não joga mais pelo teu time”.

 

Vende-se

“Nós estamos à venda. Nossa posição era de que venderíamos só a parte minoritária, mas com o andar da carruagem, do mercado, se tiver uma oferta de um parceiro que realmente dê para casar… Porque é casamento, né? Futebol é complicado. Nós pensamos até na venda do controle acionário. Ele tem que estar envolvido nos novos projetos, o clube quer se tornar a nível sul-americano um dos top four, então tem que investir”.

 

Formação de atletas

“O clube quer se tornar o maior formador de atletas do futebol do planeta, ou seja, queremos grande parte deste capital que deve entrar para destinar à formação de jovens. Trazer jovens da África, da Austrália, da América, da Europa, que seja, trazer para cá para formar. E outro aspecto da necessidade do capital é a manutenção do nosso atleta. O Guimarães quando chegou para mim: “ô, presidente, eu vou ganhar 800 mil euros por mês no primeiro ano, você não pode tirar essa oportunidade de mim”. O que eu vou dizer para ele? Vai à vida, meu filho, seja feliz. A vida do jogador é curta, e se você não fizer teu pé de meia, depois você vai ser o quê? Então nós queremos capital também para a manutenção desses atletas”.

 

Para onde vai o dinheiro?

“Essa é a grande pergunta. Mario, para que vocês querem grana? Se você tem lucro todos os anos, está tendo certo sucesso no futebol, ano passado foi para a final da Libertadores. Essa pergunta, realmente… Nós queremos contratar jogadores jovens, com potencial, e mantê-los aqui. Queremos aumentar a escala da formação. É muito difícil, e hoje essa nova geração está muito complexa. Tudo de brinquinho, cabelo pintado, ou seja, imitando os que deram certo. Está uma dificuldade muito grande para formar esses meninos não só atletas, não só jogadores, mas também homens. O nível, o índice de formação, é um por mil. Eles já foram peneirados e peneirados, chegam ao CT e saem dois ou três por ano. Só não estamos correndo desesperadamente para fazer o primeiro negócio.

 

Mercado

“O próprio Manchester City, o grupo, nos sondou, havia um interesse, mas como seríamos sempre o segundo clube, a gente nem conversou com eles. Nós somos pobrinhos, mas limpinhos”.

 

Modelo da SAF

“Nós temos vários desenhos. Quando entra todo o ativo, dá um valor alto, muito alto. Não sei se vai ter investidor disponível para querer investir todo esse valor. Depois temos investimento sem o estádio, que já baixa bastante. Depois temos investimento sem estádio e CT, que baixa mais. Então vamos ver a disponibilidade do bolso dos parceiros, o que eles pretendem, porque não podemos esquecer que o capital que eles vão investir vai ficar na própria companhia. Não tem para quem vender, não estão comprando o controle acionário de uma companhia que o portador dessas ações está levando o dinheiro embora. Ele está comprando e o dinheiro vai ficar no próprio giro da companhia”.

 

SAF do Coritiba

“É uma incógnita. Ninguém sabe como é, como eles fizeram, é uma caixa-preta. Eles não deram satisfação para mercado, ninguém. Para nós, não afetou nada. Está tão distante atualmente, nós do Coritiba. Eles vão, se não tiver uma reação hercúlea no segundo turno, cair para a segunda divisão”.

 

Forte Futebol

“Eu fui um dos criadores do grupo dos dez, que iniciou a Liga Forte Futebol. Quando eles criaram a Libra, com os grandes, sobraram os pequenos, emergentes, Goiás, América-MG, Cuiabá, nós, Coritiba, Fortaleza, Juventude, alguns não estão nem mais na Série A. Isso foi em 2022. E depois se agregou Atlético-MG, que acabou nos abandonando agora no final, não entendi até agora por quê. Não tive a oportunidade de falar nem com o Sérgio [Coelho], nem com o Ricardo Guimarães, que são pessoas do meu relacionamento, mas trouxemos Fluminense, Internacional, vários clubes da Série B. O que ficou, se você observar, são os clubes paulistas. A Liga Forte Futebol não tem nenhum paulista, porque todo mundo sabe que o futebol paulista é dominado pelo Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da FPF”.

 

Porque ter uma liga?

“Eu só vejo o futebol brasileiro crescendo, se desenvolvendo, tendo autonomia, liberdade, transparência, se criarmos uma liga independente. Da forma que é conduzido o futebol brasileiro, com todo respeito que tenho a todos, dificilmente daremos um passo à frente. Vamos ficar correndo atrás do rabo, que nem cachorro. Perdendo tempo, aviltando nossos preços, vendendo o direito internacional por valores absurdos de baratos. Então, se não profissionalizarmos…”.

 

Direitos Comercias

“Todo mundo me pergunta. Por que vender 20% dos direitos por 50 anos? Eu estou preocupado com os 80% que eles [investidores] vão gerar para nós. Se eles ganharem um montão de dinheiro, sorte deles. Eles que vão trazer esse dinheiro para nós. Até hoje não ganhamos nada com os direitos internacionais. Nós vamos ganhar quatro vezes mais. Então isso é complexo, desde que se começou, mas pelo o que estou sabendo estamos elaborando os últimos detalhes dos contratos, para serem assinados e o dinheiro prometido entrar. Assim espero. Estou um pouco por fora, não tenho participado das reuniões, por questão de saúde”.

 

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