Abraão, representante comercial, estava dirigindo na estrada quando ouviu a sirene de um carro da patrulha rodoviária. Olhou pelo retrovisor, percebeu que a viatura se aproximava e reduziu a velocidade.

Logo que estacionou no acostamento, o policial veio até a janela do carro:

Oficial: O senhor acabou de passar por um radar acima da velocidade permitida. Posso ver sua habilitação?

Abraão: Não tenho, foi cancelada por excesso de multas.

Policial: E os documentos do carro?

Abraão: Não sei onde estão, o carro é roubado.

Policial: Como assim, o senhor roubou este carro?

Abraão: Sim, mas espere um pouco, acho que vi os documentos quando guardei o revolver no porta-luvas.

Policial: Não acredito. O senhor está dizendo que tem uma arma aí?

Abraão: Sim, eu coloquei ali depois que matei a dona do carro e joguei o corpo dela no porta-bagagem.

Policial: O senhor está transportando o corpo de uma mulher?

Abraão: Sim.

Nesse momento o policial sacou sua arma, apontou para Abraão, mandou que ele descesse e colocasse as mãos sobre o capô, enquanto pedia reforços pelo rádio.

Em poucos minutos outros veículos da polícia rodoviária chegaram e cercaram o carro de Abraão. De um deles desceu um Inspetor:

Inspetor: Posso ver sua permissão para dirigir?

Abraão: Claro, veja, está dentro da validade.

Inspetor: De quem é o carro?

Abraão: É meu, Inspetor, aqui está o certificado de propriedade em meu nome.

Inspetor: Por gentileza, pode abrir o porta-luvas? Parece que há um revolver aí, não?

Abraão: O Senhor deve estar brincando… Logo eu, que sou contra as armas? Pode olhar, não há nada aí.

Inspetor: Então quero que o senhor abra o bagageiro. O policial disse que o senhor está levando um corpo dentro dele.

Abraão: Sem problema, fique a vontade. Só tenho minhas malas, estou viajando a negócios.

Inspetor: Não estou entendendo o que está se passando aqui. O policial me disse que o senhor não tinha habilitação, que o carro era roubado, que estava armado e que havia um corpo no porta-malas…

Abraão: Desculpe, Inspetor, mas desde o início percebi um certo desequilíbrio no Policial que me abordou. Depois de tudo o que o senhor me disse, acho que ele é capaz até de ter inventado que eu estava acima da velocidade!

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André Lopes