Moisés e Sara tinham uma loja de artigos religiosos judaicos há 20 anos.

 

Nos últimos tempos as vendas tinham caído muito, porque a maior parte dos judeus do bairro tinha mudado para outros lugares da cidade.

 

Sara, que não escondia a preocupação, um dia começou uma conversa com o marido:

 

– Moisés, não estamos vendendo bem, o que vamos fazer?

 

– Não sei, Sara, não sei… – ele resmungou.

 

– Acho que devíamos começar a vender artigos cristãos – a esposa opinou.

 

Moisés, assustado, não escondeu o choque:

 

– Artigos cristãos? Você deve estar louca! Não podemos vender artigos cristãos, somos judeus! De jeito nenhum!

 

Depois de uma semana, só tinham vendido um xale religioso masculino, um candelabro e um livro de orações.

 

Sara voltou ao assunto:

 

– Moisés, não podemos continuar assim. Eu já te disse, temos que começar a vender artigos cristãos. Estamos bem perto dessa nova Igreja católica, vamos fazer boas vendas.

 

Moisés, resignado, finalmente cedeu:

 

– Acho que você tem razão, Sara. Tenho o endereço do maior distribuidor desses produtos, vou ligar para ele.

 

Imediatamente Moisés telefonou para fazer o primeiro pedido:

 

– Por favor, podem mandar 100 crucifixos, umas 50 garrafinhas de água benta, e dessas pulseiras, como vocês chamam… Terços, né? Podem mandar 100. Aquelas fotos com o Papa, santinhos, mandem 100 também.

 

O vendedor respondeu:

 

– Claro que sim, senhor. Vamos conferir: 100 crucifixos, 50 garrafas de água benta, 100 terços e 100 santinhos. Os crucifixos o senhor quer com ou sem Jesus?

 

– Como não sei qual é a preferência da clientela, pode ser 50 e 50.

 

– Perfeito. E não quer dividir os santinhos, metade com a Virgem Maria? Eles vendem muito bem!

 

– Nesse caso, pode ser assim – disse Moisés, e acrescentou:

 

– Ah, ia me esquecendo, pode incluir umas duas duzias daqueles véus que as senhoras usam, também.

 

Fazendo o fechamento da venda, o vendedor perguntou:

 

– Para quando o senhor quer a entrega?

 

– Amanhã. Queremos deixar a mercadoria pronta para vender domingo.

 

E o vendedor respondeu:

 

– Sinto muito, senhor, mas só vamos entregar na segunda-feira. Nós não trabalhamos no Shabbat.

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