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20/04/2024



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Por que hoje não tem Humor Judaico?

 Por que hoje não tem Humor Judaico?

“O objetivo da vida é criar melhor defesa contra a morte”

(Primo Levi, judeu italiano sobrevivente de Auschwitz, falecido em 1987)

 

“As coisas que vi são indescritíveis… Fiz a visita deliberadamente, para estar em condições de fornecer provas em primeira mão dessas coisas se algum dia, no futuro, desenvolver-se uma tendência de acusar essas alegações meramente de propaganda”

(Telegrama do general Dwight D. Eisenhower, comandante das Forças Aliadas ao chefe do Estado-Maior em Washington, após visita à Ohrdruf-Buchenwald, primeiro campo nazista libertado pelas tropas norte-americanas)

 

“Nós vimos pessoas magras, torturadas, exaustas; podíamos ver por seus olhares que estavam felizes de serem salvos daquele inferno”

(Palavras do soldado soviético Ivan Martynushkin descrevendo o que viu em 27 de janeiro de 1945, quando da libertação do campo de extermínio de Auschwitz)

 

Os Amigos que acompanham minha coluna no HojePR e no Blog sabem que as sextas-feiras trazem uma dose do bom Humor Judaico, como um prenúncio do bom final de semana que desejo a todos.

Hoje a rotina será quebrada em razão do simbolismo da data, que traz a lembrança de um fato que traz muita emoção aos judeus, de forma especial, mas também às pessoas que acreditam na possibilidade da criação de um mundo melhor, mais justo e menos sujeito aos surtos desequilibrados de déspotas.

27 de janeiro foi definido pela Assembleia Geral das Nações Unidas como o ‘Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto’. A data faz referência à liberação, pelas tropas soviéticas, do campo de concentração e extermínio nazista alemão de Auschwitz, há 78 anos.

Auschwitz foi o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Somente em suas câmaras de gás e crematórios foram cruelmente exterminadas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, aquela máquina de morte assassinava seis mil pessoas por dia. Auschwitz, assim, passou a ser sinônimo do genocídio de judeus, ciganos, Testemunhas de Jeová, homossexuais, deficientes físicos e mentais e opositores políticos do mais hediondo regime de governo da história da humanidade.

As tropas soviéticas libertaram outros campos já em julho de 1944, como o de Majdanek, próximo à cidade de Lublin, na Polônia. Os alemães, surpresos com a rapidez do avanço, tentaram esconder as evidências do extermínio em massa ateando fogo ao enorme crematório utilizado para carbonizar os corpos dos prisioneiros assassinados, mas devido à pressa deixaram as câmaras de gás de pé. No verão daquele ano os soviéticos também entraram em Belzec, Sobibor e Treblinka.

É importante lembrar que na libertação de Auschwitz a resistência dos soldados alemães causou a morte de 231 soldados soviéticos. Naquele dia os nazistas já haviam retirado a maioria dos prisioneiros, forçando-os a seguir a pé rumo à Alemanha nas infames “marchas da morte”. Assim mesmo os soldados encontraram 8 mil prisioneiros esqueléticos, provas vivas do horror implantado pelos canalhas em Auschwitz.

Embora antes da fuga os alemães houvessem destruído a maioria dos depósitos, nos que restavam foram encontrados os pertences das vítimas roubados pelos nazistas, como centenas de milhares de ternos masculinos, cerca de 800 mil vestidos e mais de 7 mil quilos de cabelo.

Nos meses seguintes foram liberados pelos soviéticos outros campos na Polônia e nos paises Bálticos e, pouco antes da rendição alemã, também libertaram os prisioneiros de Stutthof, Sachasenhausen e Ravensbrück.

Em abril os norte-americanos entraram no campo de concentração de Buchenwald, perto de Weimar, na Alemanha, logo após os nazistas terem começado a evacuação. Cabe destacar que naquele dia, 11 de abril, uma organização secreta de resistência organizada por prisioneiros atacou e controlou o campo, impedindo as atrocidades que os alemães cometeram antes de se retirar de outros campos. Lá eles libertaram mais de 20 mil prisioneiros e em seguida conseguiram liberar os campos de Dora-Mittelbau, Flossenbürg, Dachau e Mauthausen.

No norte da Alemanha as forças britânicas invadiram diversos campos de concentração, incluindo Neuengamme e Bergen-Belsen. Neste último, em meados de abril, perto de 60 mil prisioneiros foram encontrados com vida, a maioria em péssimas condições em virtude de uma epidemia de tifo, que logo causou a morte de 10 mil deles em decorrência da subnutrição e doenças.

Ao entrar nos campos, os Aliados constatavam a tragédia criada pelos nazistas e encontravam pilhas de corpos não sepultados. Os poucos sobreviventes pareciam esqueletos devido ao trabalho escravo e à falta de alimentos, somados a meses e até anos de maus-tratos. Muitos estavam tão fracos que não podiam caminhar e, em razão da ameaça representada pelas doenças e para evitar a propagação de epidemias, muitos campos tiveram suas instalações queimadas.

Somente depois é que o mundo tomou conhecimento do horror do genocídio. Após a liberação, a maioria dos sobreviventes se depararam com enormes dificuldades para se recuperar, com recursos limitados e pouco suporte, carregando traumas pelo resto de suas vidas. Há que se destacar, no entanto, que muitos foram salvos por indivíduos ou grupos que colocaram suas próprias vidas em risco para ajudá-los, sendo assim credores eternos do reconhecimento do povo judeu.

Segundo estimativas, existem entre 200 e 300 mil sobreviventes judeus. Os números são imprecisos em razão da dificuldade na coleta de dados; sabe-se que muitos não foram identificados ou não relataram sua experiência. De acordo com a ‘Claims Conference’, uma entidade judaica norte-americana, em 2020 existiam em torno de 67,1 mil sobreviventes do Holocausto nos Estados Unidos. Em Israel, em 2021, acreditava-se que haveriam 161,4 mil. Como é natural, o número é decrescente e a média de idade deles é superior a 85 anos. Em torno de mil têm mais de 100 anos.

 

“Jurei nunca ficar calado quando e onde quer que os seres humanos suportem sofrimento e humilhação. Devemos sempre tomar partido. A neutralidade ajuda o opressor. nunca a vítima. O silêncio encoraja o algoz, nunca o atormentado”

(Elie Wiesel (30/9/1928–2/7/2016), escritor judeu, sobrevivente do Holocausto, Prêmio Nobel da Paz de 1986 pelo conjunto de sua obra de 57 livros, dedicada a resgatar a memória do Holocausto e a defender outros grupos vítimas das perseguições)

4 Comments

  • excelente histórico e excelentes palavras

  • Como sempre as postagens/artigos do Gerson Guelmann são excelentes, e a de hoje, de uma concisão e profundidade ímpar, é leitura obrigatória . Estou compartilhando.

  • Sou filha de sobrevivente de Aushivitz. Não só minha mãe teve muitos traumas de guerra, tanto que depois das três filhas nascidas, eu a cacula, quando eu tinha 6 meses de idade, minha mãe ficou com amnesia, não lembrando nada do presente, somente do passado, em consequencia, ficou dois anos internada em hospital psiquiátrico e este trauma também nos atingiu em cheio.
    Esqueci de falar que ela foi salva milagrosamente quando já estava em um pelotão de fusilamento, quando os russos invadiram o campo.

  • Não sou bom em expressar meus sentimentos, más acredite, doeu e vai continuar doendo muito dentro de mim essa terrível injustiça. Que estejam no regozijo ao lado de nosso Eterno Pai .

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