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Ratinho Junior domina, mas vê concorrência ao Palácio Iguaçu crescer

07/02/2022

Nos últimos cinco anos, o governador Ratinho Junior (PSD) se transformou na estrela maior da política estadual. Concentrou energias e formou uma constelação de partidos que orbitam ao seu redor. Foi eleito pela Coligação Paraná Inovador, uma aliança que incluía legendas como o PSC, PV, PR, PRB, PHS, PPS, PODEMOS e AVANTE, mas na época o então candidato já contava com aliados de outras matizes políticas.

Após três anos de gestão, a base de apoio só aumentou e Ratinho Junior construiu uma sólida posição para disputar a reeleição. Hoje, tem a seu lado, inclusive, adversários da última disputa eleitoral. Trouxe o PP de Ricardo Barros, agregou a totalidade do PSB e atraiu parte do PSDB, o PL, o PSL, o DEM, o PTB, o PV, o Cidadania e boa parte do MDB, do PROS e do PDT. Oposição integral, de fato, apenas do PT.

Até o final de 2021, a condição privilegiada dava segurança aos aliados de que o governador teria uma recondução tranquila. Para confirmar a situação, uma pesquisa do Instituto Opinião, divulgada em dezembro, apontou que o governador contava com 53,3% das intenções de voto para se manter no cargo. Atrás dele apareceram o ex-senador e ex-governador Roberto Requião (sem partido), com 21,4%, e o senador Flávio Arns (Podemos), com 8,9%.

No levantamento que dava amplo favoritismo a Ratinho a concorrência se resumia a velhos conhecidos do eleitor paranaense. Mas, enquanto a base aliada enxergava o copo meio cheio, alguns partidos viram a situação por outro prisma, consideraram que estava meio vazio, e resolveram tentar ocupar o espaço. Assim, na virada do ano, novas candidaturas foram colocadas.

Concorrência

A primeira foi do PSDB, que decidiu se afastar de Ratinho e lançar Cesar Silvestri Filho ao governo. O fato gerou estresse e houve uma revoada de figuras importantes do tucanato nativo, entre eles o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano, do até então presidente estadual da sigla, deputado Paulo Litro, além do ex-prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel.

A filiação de Silvestri ao PSDB surpreendeu. O ex-prefeito de Guarapuava presidia o diretório estadual do Podemos até o final de 2021, e era um dos entusiastas da candidatura do ex-juiz Sérgio Moro à presidência da República e da recondução de Alvaro Dias ao Senado. Além disso, teve atuação destacada na atração de novos nomes para o Podemo, para compor chapas robustas para a disputa de cadeiras no legislativo estadual e na Câmara dos Deputados, entre eles o ex-procurador federal Deltan Dallagnol.

Mesmo próximo de Ratinho, Cesar Silvestri defendia que a sigla deveria ter um candidato ao Palácio Iguaçu, que poderia até ser o senador Flávio Arns, que já aparecia nas pesquisas. Nos bastidores, a ideia encontrava resistência do senador Alvaro Dias, que espera confirmar um acordo feito com o governador de apoiá-lo à reeleição, desde que o grupo que está no Iguaçu não lance candidato ao Senado.

A disputa à presidência é outro fator que ajudou a descompensar o ambiente político nas primeiras semanas do ano. O grupo de Ratinho Junior, que é um forte aliado de Jair Bolsonaro desde 2018, ainda tateia para encontrar o caminho na eleição deste ano. A alegação é de que falta a definição das alianças pelo PSD nacional ou se o partido manterá a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ao Planalto.

Bolsonarismo

Criou-se um vácuo, que na política não resiste muito tempo até ser ocupado. Neste caso, quem aproveitou a abertura foi o deputado federal Filipe Barros (PSL), um impassível bolsonarista que tem base eleitoral no Norte do Paraná. Com a indefinição de Ratinho, ele se colocou como o candidato que vai assegurar palanque no Paraná para a reeleição do atual presidente.

Outras candidaturas devem surgir nos próximos meses. Historicamente, siglas como PSOL, PCO e PSTU oferecem candidatos nas eleições majoritárias para defender as bandeiras ideológicas dos partidos. O conjunto de opositores promete ser barulhento. Junto com Requião, Cesar Silvestri e Filipe Barros já enumeram críticas em relação à condução do Estado, algo que governador não viu deste que assumiu o cargo.

Marca forte

Mesmo com o surgimento de novos concorrentes, o governador Ratinho Junior deve seguir como favorito à reeleição, e é o preferido da classe política. Além da articulação que permitiu dominar a cena, ele tem a seu favor o próprio nome. A “marca” Ratinho é conhecida de dez entre dez eleitores do Paraná há décadas, em função do sucesso televisivo do patriarca da família. Essa situação é mais um obstáculo a ser vencido pelos demais postulantes ao Palácio Iguaçu.

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