Por Isabella Honório

 

O Ratos de Porão se apresentou em Curitiba no último sábado (18), com um set-list reuniu os sucessos dos primeiros álbuns e as faixas mais recentes da banda. O show do maior clássico do hardcore-punk brasileiro aconteceu no CWB Hall, com a abertura das bandas Clan dos Mortos Cicatriz, Repudiyo, Mustaphorius e Culpado. Em entrevista exclusiva ao HojePR no pós-show, o vocalista João Gordo falou sobre deixar o veganismo e a polêmica recente envolvendo a Rede Globo.

 

Com Jão na guitarra, Boka na batera e Juninho no baixo, o Ratos entregou um show cheio de energia, apesar dos problemas de acústica da casa, e interagiu com o público curitibano. Na estrada desde 1981, a banda relembrou as passagens anteriores pela capital paranaense, enquanto Gordo saudou os fãs antigos e disse estar feliz por ver a cena punk sempre se renovando com as novas gerações.

 

Intercalando com as jams, entraram no repertório as favoritas Beber Até Morrer; Difícil de Entender; Crise Geral e Farsa Nacionalista. Necropolítica, do disco de 2022, e a divertida Fei e Burro, do último álbum do grupo, que saiu neste ano, também fizeram parte da lista de músicas. Aids, Pop, Repressão ganhou ainda uma intro com uma pegada reggae.

 

João Gordo fala sobre não ser mais vegano

 

No maior clima descontraído, o cantor abriu as portas do camarim após descer do palco e aceitou nos receber para uma entrevista. Entre as caixas de pizza e ao som de um punk das antigas, Gordo comentou sobre ter deixado o veganismo de lado, estilo de vida que seguiu por mais de cinco anos e era próximo desde seus dias de MTV: “Na real não parei, só fiquei doente para caralho. Como eu sou operado no estômago, meu intestino é cortado pela metade e não capta vitamina. Então eu não tenho ferro e as vitaminas B12 e D. E como eu sou um vegano retardado, vivo de Doritos e Coca-Cola, eu fiquei muito doente”.

 

 

João já havia comentado sobre o caso em seu novo podcast “Superplá” em abril deste ano. O vocalista do Ratos de Porão conta ainda que deixar a alimentação vegana foi uma orientação médica, após sua internação em 2019: “O médico falou ‘ou você come proteína ou você vai morrer’. Aí no hospital comecei a comer queijo e tomar iogurte”. Além disso, no hospital faltavam opções de origem totalmente vegetal. “Aí eu tive que encarar. Tem gente que critica, mas era a minha vida, então foda-se”, declarou o cantor.

 

Fora do hospital, o vocalista conta que ainda não retomou a alimentação veg, mas também não abandonou a causa animal. Desde o início da pandemia, o cantor mantém o projeto Solidariedade Vegan, juntamente com sua companheira Vivi Torrico, que já distribuiu mais de 250 mil marmitas veganas para a população em situação de vulnerabilidade de São Paulo. João comenta: “90% da minha alimentação ainda é vegana, mas às vezes eu dou uma relaxada. Mas o que a gente fez no Solidariedade Vegan já cobre a minha falha. Se isso não é veganismo, não sei o que é. Imagina a quantidade frango, porco e boi que a gente deixou de sacrificar por causa das marmitas que foram distribuídas”.

 

O Solidariedade Vegan, inclusive, surgiu do projeto Estúdios Panelaço, motivo das polêmicas recentes envolvendo o vocalista e a Rede Globo. O vocalista acusou a emissora de plágio após a estreia do novo programa da GNT apresentado por Ana Clara, que possui o mesmo formato e nome da série de vídeos do canal do YouTube que João produz desde 2014. No programa, João recebe convidados do mundo da música e internet para cozinhar receitas veganas. Apesar do pioneirismo, a Globo registrou a marca em março deste ano. João Gordo não quis comentar sobre o caso: “Os caras copiaram um bagulho nosso e nós processamos eles. Não dá para falar sobre isso ainda”.

 

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(Fotos: Isabella Honório)