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POLÍTICA

A turma da lacração precisa entender a função de um vereador

25/02/2025
vereadores

O que tem em comum os vereadores Eder Borges (PL), Guilherme Kilter (Novo) e Professora Angela (Psol)? O leitor pode pensar que, no caso dos dois primeiros, ambos são militantes da extrema-direita. Sim, mas a terceira parlamentar milita no lado oposto, na extrema-esquerda. Então, o que seria? Os três começaram o ano legislativo pisando na bola, mais preocupados em “lacrar” do que trabalhar por Curitiba.

No caso dos novatos Kilter e Angela é até compreensível. Ambos ficaram famosos produzindo posts polêmicos e migraram das redes sociais para a Câmara impulsionados por um eleitorado acessível à essa nova forma de fazer política. Estão acostumados, portanto, a pensar que tudo é “lacrável”. Não é bem assim que a banda toca.

O jovem Guilherme Kilter, que foi o segundo vereador mais votado na última eleição, assumiu o mandato cercado de enorme expectativa. Começou mal, no entanto. Sua primeira ação no Legislativo Municipal foi pedir uma estapafúrdia moção de repúdio ao show da cantora Anitta, realizado dia 15 em Curitiba. Para Kilter, a artista “subverte a sociedade com o seu comportamento libertino, que insulta a família tradicional brasileira com as suas músicas e atenta o pudor com as suas ‘performances artísticas’”.

O vereador tem, obviamente, o direito de pensar o que quiser de Anitta. O que se questiona, no entanto, é se é isso que Curitiba espera dos seus vereadores.

Independente dos gostos musicais do vereador, e sem entrar no mérito econômico que um show desse tamanho produz, foi para isso que Kilter foi eleito? Para se preocupar com quem vem se apresentar na cidade? O pedido do inexperiente parlamentar foi tão esdrúxulo que, depois de levar um puxão de orelha da também novata vereadora Camilla Gonda (PSB), Kilter produziu o papelão de retirar o pedido da pauta.

A Professora Angela também não conseguiu separar a “influenciadora digital” da vereadora. Com uma profunda necessidade de aparecer, a parlamentar atleticana usou um episódio de racismo a um jogador do Athletico para atacar toda a torcida do Coritiba.

É claro que o HojePR não apoia o racismo e a opinião da vereadora condenando o episódio é, sim, louvável. O problema é aquela frase a mais que mistura as estações e faz aflorar a necessidade de conquistar “likes”, ao invés de agir coerentemente com o cargo para o qual foi eleita.

Ao chamar todos os torcedores alviverdes de racistas, a vereadora extrapolou essa função e mereceu o repúdio dos seus próprios pares que, além de um desagravo ao Coritiba, exigiram a retratação da vereadora no plenário da Câmara.

Se os novatos Guilherme Kilter e Professora Angela têm a inexperiência como desculpa ao péssimo início de vida pública, o vereador Eder Borges não merece a mesma complacência. Em seu segundo mandato, e calejado por enfrentar até mesmo um processo de perda de mandato na legislatura anterior, o parlamentar do PL tem obrigação de entender as funções de um vereador. E dedicar uma moção de apoio à eleição do presidente norte-americano Donald Trump não deve fazer parte dessas funções. O parlamentar pode até argumentar que “moções de apoio” estão dentro do escopo de prerrogativas de um vereador, desde que seja, de fato, importante. O que não era o caso.

A natureza dessa moção, que por incrível que pareça recebeu apoio de outros vereadores, é tão bizarra que levou o vereador Pier Petruzziello a manifestar sua revolta nas redes sociais. “Nós não podemos perder tempo na Câmara Municipal para discutir esse tipo de situação. O vereador tem que cuidar da cidade (…). Agora, voto de louvor pela eleição do Trump (…). Será que é isso que a sociedade curitibana espera de nós?”, indagou Pier. “Se for isso, não contem comigo”, completou.

Cabe ao vereador Eder Borges as mesmas perguntas: foi para isso que ele foi eleito? Para enaltecer Trump? O que Curitiba e sua população ganham com isso?

“Nós temos muitos problemas na cidade que temos que resolver (…). Alguns vereadores ainda se preocupam com esse tipo de tema, não sei se para ganhar likes, para ganhar curtidas. (…) Então, para esse tipo de debate não contem comigo. Meu posicionamento vai ser sempre em favor da nossa cidade e melhorar a vida do cidadão curitibano”, disse Pier.

Vale lembrar que somos nós, eleitores, que escolhemos nossos representantes na política. É preciso, portanto, aprender a votar e separar candidatos que querem entrar na vida pública para melhorar a vida das pessoas daqueles que buscam apenas “likes” para abastecer suas redes sociais e ter benefícios pessoais.

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