A pré-candidata ao governo do PSOL, Professora Angela Machado, tem forte em seu discurso a disposição de representatividade daqueles que não tem voz. “Vamos dar voz a 99,9% dos paranaenses que não são respeitados em suas vontades”, afirmou a candidata, durante entrevista ao HojePR, dentro da série de conversas com pré-candidatos ao governo.
Falando de sua casa em São José dos Pinhais, em uma videoconferência, Angela contou que parte do projeto de governo está sendo concluído em reuniões com comunidades e grupos de especialistas que vão montar uma proposta que atenda as minorias, como os quilombolas, o pequeno produtor, a mulher, os negros, a população gay, a transsexual, a lésbica, ao excluído das barragens, os sem-terras e sem-tetos, enfim, a todos os grupos sem representatividade nas instituições oficiais. Abaixo segue pontos da conversa com ela .
Funcionalismo
“Vou acabar com as terceirizações, retomar os concursos públicos, fortalecer a qualificação e os avanços de carreiras”, avisou. Ela entende que o funcionalismo na gestão atual e nas anteriores passaram por um sucateamento proposital, que abriu espaço para as terceirização. “Sou contrária a qualquer tipo de terceirização. Serviço público deve ser feito pelo servidor”, afirma.
Para ela, o governo pode promover a política do PSOL de valorização dos servidores. “É preciso cortar os benefícios dados em forma de isenção às empresas e usar esse recurso para fortalecer os servidores”, disse.
Pedágio
A Professora Angela é categórica: vai acabar com o pedágio no Paraná. Para ela, o governo estadual pode bancar os custos de manutenção das rodovias. Ela acredita que o sistema de concessão beneficiou apenas as empresas, que pouco entregaram a população.
Ela conta que, se eleita, vai trabalhar para suspender o processo em andamento no Ministério dos Transportes. E buscar uma nova negociação, na qual o Estado se compromete em cuidar das rodovias. A candidata não detalhou como ficam as rodovias federais. Disse que sua equipe está estudando quais medidas serão tomadas. “Mas é preciso dizer que o Governo do Estado deu R$ 17 bilhões em renúncias fiscais para empresas, valores que podem ser revertidos para investimentos pelo Estado “, disse.
“Vou acabar com as terceirizações, retomar os concursos públicos,
fortalecer a qualificação e os avanços de carreiras”
Privatização
Nesse ponto, a Professora Angela é enfática. “Não haverá privatizações. Somos contra”, avisou . Ela considera que o Estado tem capacidade de cuidar das áreas como portos, estradas, gás, energia elétrica e saneamento. Ela entende que precisa dar outra postura para as autarquias como Copel e Sanepar, além da Compagás, atendendo as populações desfavorecidas.
Agricultura
A candidata do PSOL disse que o foco é o pequeno produtor e a segurança alimentar. “O Agronegócio não é a prioridade do PSOL”, avisou. Segundo ela, os maiores investimentos da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento é apara o pequeno produtor e agricultura familiar.
“Temos que levar comida na mesa de quem precisa e precisamos plantar para alimentar a população”, afirma. Ela entende que é preciso ajudar os pequenos produtores a produzirem e na venda. Ela cita como exemplo a dificuldade que os pequenos produtores tem de vender seus produtos industrializados, como queijos e geléias, onde há dificuldades de certificação.
Ela considera que o Estado precisa ajudar o pequeno produtor a se inserir no mercado e poder vender, inclusive, online. Ela disse que está se estudando ações para melhorar o escoamento da safra, pensando na recuperação das estradas rurais.
Educação
A Professora Angela Machado afirma que houve um desmonte da estrutura da Educação paranaense. Um exemplo disso é o ensino profissionalizante, cuja a terceirização será suspensa. Ela critica o sistema de escolas cívicos-militares, as quais classifica como um exemplo de militarização da Educação.
A candidata do PSOL afirma que é preciso reforça a capacitação, que na opinião dela foi interrompida. “O professor e a professora precisam estar motivados e saber que podem crescer ao longo da carreira. E pretendo criar um plano de cargos e salários atendendo o que a categoria quer”, disse.
A professora entende que é preciso colocar profissionais da Educação nos cargos de diretorias. “O diretor precisa entender das demandas dos professores e não aceitar que um software que corrige redação vai ensinar um jovem”, cutucou.
A candidata do PSOL disse que devem ser mantidos alguns avanços incorporados no período da pandemia, por exemplo vídeos-aulas produzidas como material de apoio. No entanto, ela defende que haja melhoria na internet, que seria fornecida de graça para alunos e professores. Considera que cabe ao Estado fornecer os avanços tecnológicos a comunidade escolar.
Ela também disse que é preciso fortalecer as merendas nas escolas, com comida de verdade. “O que se oferece hoje é muito ruim”.
“Temos que levar comida na mesa de quem precisa e precisamos plantar para alimentar a população”
Segurança
A candidata do PSOL quer reduzir a diferença salarial entre os altos cargos e os policiais de patentes mais baixas. Ela considera que tanto a Polícia Militar como a Polícia Civil estão desfalcadas e que precisa promover concursos. O mesmo ela acha do processo de reequipar as polícias, melhorando a estrutura.
No entanto, a Professora Angela entende que é preciso sensibilizar a polícia, de forma que não vejam as pessoas mais desprotegidas como inimigos. “É preciso mudar o tratamento dado ao negro, as mulheres, a comunidade LGBTQIA+, os sem-terras, entre outros. Eles precisam ser respeitados”, disse.
Saúde
As propostas para a Saúde são similares a da Educação. O uso das renúncias fiscais seria uma forma de fortalecer os investimentos na regionalização e melhoria do atendimento aos mais necessitados. Ela considera que é preciso contratar médicos para o Interior e buscar uma solução fora das empresas terceirizadas. “Saúde precisa ter funcionários contratados, como médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, atendentes. Estamos estudando formas de atrair médicos para todo o Paraná e nossa proposta será concluído pela equipe que elabora o plano de governo”.