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‘Irmãs Diabólicas’: o outro filme de terror de Brian De Palma

29/11/2024

Quando pensamos em terror e Brian de Palma, logo vêm à cabeça Carrie (1976) e a famosa cena do vestido sangrento. Mas e se eu te disser que este que é um dos maiores clássicos do cinema de horror tem um irmão mais velho, mais Hitchcockiano e menos sobrenatural? Mal sabia eu que era exatamente isso que eu precisava assistir quando dei play em Irmãs Diabólicas (1972). Não é só terror, é um terror psicológico com uma pitada de ficção científica e suspense policial. Ah, e claro, é o tema da coluna desta semana.

Na pacata Staten Island, Danielle (Margot Kidder) é uma jovem atriz canadense, recém-divorciada e que ganha a vida fazendo algumas participações em comerciais e programas de TV. Após uma noite de gravações, ela se envolve com o parceiro de cena Phillip Woode (Lisle Wilson). Na manhã seguinte, Woode é assassinado pela irmã gêmea de Danielle, Dominique (também interpretada por Margot), uma mulher psicótica e ciumenta, que está visitando a irmã para comemorar seus aniversários. A jornalista Grace Collier (Jennifer Salt) vê tudo pela janela de seu apartamento e resolve ligar para a polícia, apenas para descobrir que os policiais não tinham muito interesse em investigar o caso. Collier então decide conduzir sua própria investigação.

 

 

Esquecido na prateleira da filmografia de De Palma, Irmãs Diabólicas foi o primeiro filme de terror que o diretor se arriscou a fazer. Com uma energia experimental, o longa muda de clima diversas vezes. Passa por Janela Indiscreta (1954), de Alfred Hitchcock; Bebê de Rosemary, do Polanski, de 1968 (sobre o qual já conversamos por aqui, inclusive!); e por fim, um pouquinho de Surrealismo Alemão e história de cientista maluco. Com uma mudança completa de direção do meio para o final, o roteiro opera no esquema “fale somente o necessário com o motorista”. Tudo amarradinho, não falta e nem sobra.

Por mais viajado que possa parecer um filme com irmãs siamesas e o excêntrico médico Emil Breton (William Finley) e uma clínica psiquiátrica cheia de mistérios, a história consegue se manter bem pé no chão. A jovem jornalista que não é levada à sério pelos homens ao seu redor, os policiais machistas e preguiçosos e o detetive babaca que é contratado pelo jornal, que não confia no faro da repórter. Nos Estados Unidos do anos 1970, a má vontade de resolver o caso e o desinteresse da imprensa são explicados logo no começo: “Uma mulher branca mata o seu amante negro e os policiais racistas nem se importam”.

Muito bem localizado na sua época, o filme se divide entre o mistério maluco de uma gêmea morta que possui o corpo da irmã, e as dificuldades de uma repórter que tenta denunciar a ineficiência e os preconceitos da corporação policial. De um jeito bem instigante, o diretor entrega aos poucos, que o filme é todo sobre dualidades. Uma ótima surpresa. Irmãs Diabólicas é do jeitinho que gostamos por aqui. 93 minutinhos de uma história bem contada.

 

 

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