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02/05/2024



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Rosita Sofia

 Rosita Sofia

Está acontecendo no Rio de Janeiro, até a próxima quinta-feira, um debate sobre a história dos clubes extintos da antiga Capital Federal, como Andarahy, Paysandu, Confiança, Mangueira, Vila Isabel e Rosita Sofia. A ideia do evento foi do professor de Biologia Kleber Monteiro, para reunir apaixonados, pesquisadores e pessoas com afetos aos clubes que fazem parte do futebol do Rio de Janeiro.

 

Nelson Rodrigues, ao falar de resultados improváveis no futebol, tinha o hábito de citar o Rosita Sofia. Perder para o Rosita seria um escândalo. Talvez pelo nome esdrúxulo do clube, próximo do folclórico, mas também pelo fato de ser um time amador, da Zona Norte do Rio.

 

O fato é que, morador da Zona Sul, tive a ideia de, em certa manhã de domingo, acompanhar os times da base do Fluminense na rodada dos campeonatos cariocas. Iríamos jogar contra o Rosita Sofia, na casa deles. O sub 12 às 8h30, o sub 15 às 10h30. Eu morava na Rua Lauro Mueller, em Botafogo, atrás do Canecão. No sábado à noite, ao voltar para casa, perguntei ao cobrador do ônibus qual o melhor caminho. O campo ficava pelos lados da Pavuna (depois soube que o bairro, chamado Kosmos, era na Zona Oeste, acessível por trens da Leopoldina).

 

Ele disse que eu deveria pegar o 123 até a Central e depois o trem. Coisa de 1h30 para chegar. Fui dormir imbuído de todo o fervor tricolor. Separei a bermuda, a camisa do time, o par de tênis, um bloquinho de notas e a indispensável caneta. Iria escrever sobre aquela aventura, como bom repórter. Mas quando o despertador tocou às 6h, mandei tudo ao inferno, virei de lado e dormi de novo, esperando que o Rosita Sofia se afundasse pelo nome. Pois não é que afundou?

 

Jamais fui para aquelas bandas. Descobri que foi fundado em fevereiro de 1941, por inspiração de um empresário português, o Comendador Serafim Moreira Sofia, pai do cantor de boleros Adelino Moreira, de grande sucesso naquelas décadas. O Comendador brandia a comenda como se fosse indulgência plenária, por ter sido concedida pelo Papa da época. Deu nome ao estádio, Serafim Sofia.

 

E mandou batizar o clube com o nome de sua mãe, esposa ou filha, não consegui checar. Teria descoberto a informação, se tivesse feito o que o sono me impediu de fazer. Ou o que um bom repórter deveria fazer, se aquela fosse pauta de algum jornal. Mas não era.

 

Leia outras colunas do Ernani Buchmann aqui.

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