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27/04/2024



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Casarões e o predinho rosa da avenida Batel

 Casarões e o predinho rosa da avenida Batel

Este edifício foi erguido no início da década de 1950 pelo Dr. Hamilton Asevedo (com s mesmo).

 

Sei que muitos admiram o prédio, mas poucos talvez conheçam a origem.

 

O nome é Edifício Iza Anitta, homenagem à esposa do doutor.

 

Dr. Hamilton Asevedo foi um médico ginecologista e obstetra muito conhecido e disputado. Construiu uma clínica em prédio próprio de seis andares, também erguido mais ou menos na mesma época ali no Centro: Clínica Dr. Hamilton Asevedo.

 

Ficava na esquina da Vicente Machado com a Visconde de Nacar, na quadra do Mercadorama (hoje Supermercado Nacional), quase em frente à Praça Osório.

 

Ambos os prédios se mantém, ainda hoje, com as mesmas características arquitetônicas.

 

Dr. Hamilton Asevedo trabalhou na Universidade como professor e ajudava na preparação (junto com mais dois médicos) das aulas de Técnica Operatória do Curso de Medicina da Universidade do Paraná, cujo professor titular da cadeira era meu avô, Dante Romanó.

 

Lembro que todos os anos, no dia das mães, enviava um buquê de rosas para minha vó Cylá Mader Romanó, reverenciando o trabalho que ela sempre prestou ajudando meu avô nas cirurgias e nos cuidados operacionais do Hospital/Maternidade Nossa Senhora do Rosário. E também pela dedicação como mãe de sete filhos.

 

Mas voltando ao prédio rosa, o interessante é que o arquiteto fez o projeto de acordo com as orientações do doutor, seguindo preceitos higienistas conforme os médicos orientavam os pacientes na época.

 

Isso se evidencia pela configuração do edifício possuindo um largo vão central com muitas janelas, proporcionando ampla ventilação, conforto térmico e iluminação natural a todas as unidades.

 

Esse espaço para circulação de ar foi relativamente comum naquela época, principalmente em prédios no Rio de Janeiro (por causa do calor) e em São Paulo. Mas aqui foi quase uma inovação no setor residencial.

 

E não dá para falar do prédio rosa, que é o sonho de consumo de quase todo mundo, sem comentar da enorme sacada que muitas unidades têm.

 

Um convite a colocar mesinha e cadeiras e tomar um chá apreciando o movimento. E não são sacadas quaisquer. Parecem mais com aquelas varandas de casas de praia ou de campo.

 

E o murinho em volta da sacada, as janelas com esquadrias originais em ferro, as colunas que ficam para dentro das sacadas e o muro baixo de pedras.

 

Um leitor comenta que sentado neste murinho aguardava a chegada da namorada voltando do Colégio Santa Terezinha. As freiras não permitiam que namorados esperassem na porta do colégio.

 

As grades de ferro colocadas sobre o muro foram inevitáveis com o passar dos anos, mas felizmente não quebraram a harmonia do conjunto.

 

E o prédio tem mais uma singular característica: Fica ao nível do solo, sem aquele andar térreo que sempre tem nos edifícios (onde fica o hall de entrada) e sem aquele vão com pilotis onde os carros estacionam.

 

O prédio originalmente não tinha espaço para guardar os carros, o que não era um problema na época.

 

Mas com a chegada maciça dos automóveis na vida das famílias, a questão de guarda do carro foi resolvida quando o dono adquiriu o terreno ao lado e construiu um prédio anexo para servir de estacionamento.

 

Que luxo. Pensou em tudo e ali ainda moram hoje familiares do doutor.

 

Mas o melhor é que parece que este local não é visto apenas como uma “coisa”, pois ao manter as formas e a cor rosa discreta, fica mais fácil para tantas pessoas recordarem suas memórias e histórias ali vividas.

 

Uma leitora comentou que conheceu recentemente um dos apartamentos e que o mesmo tem cômodos amplos, estrutura sólida e a unidade visitada mantém os azulejos amarelos originais. Na planta original com certeza é um banheiro por apartamento, além do outro bem menor presente nas dependências de serviço.

 

Isso só reflete os usos e costumes da Velha Curitiba.

Foto: www.circulandoporcuritiba.com.br

 

Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.

1 Comment

  • Belo post, Karin. Estudei com seu avô, personagem histórioc da UFPR. No final da década de 1960, fui ao velório de um estudante de medicina nesse prédio, seu nome era Fábio, nos diziam que tinha morrido subitamente no litoral. Sabe se era filho de algum mestre nosso?

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