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28/04/2024



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Curitiba de antigamente: Confeitaria Romanó

 Curitiba de antigamente: Confeitaria Romanó

Lá pela década de 1890, meu bisavô Luigi Romanó entrou em um navio em Trieste, na Itália, rumo ao Brasil. Chegou aqui sem documentos e até onde sei, veio trabalhando no navio para pagar sua passagem, mais precisamente, na cozinha. E ali, como auxiliar, aprendeu o ofício de confeiteiro.

 

Desceu no Porto de Santos e tentou abrir uma confeitaria em São Paulo, mas o negócio não vingou e veio ‘tentar a sorte’ em Curitiba.

 

Chegando na cidade, abriu a CONFEITARIA ROMANÓ, em uma das portas de um ponto bem central e movimentado na Rua XV de Novembro. No mesmo prédio onde, em 1918, veio a se estabelecer a Leiteria Schaffer, que foi o primeiro local a vender leite de vaca em garrafas de vidro.

 

 

Mas ainda antes da virada do século, Luigi conheceu Maria Lindemann, uma bonita moça de família alemã e muito trabalhadeira.

 

Luigi teve que se adaptar aos hábitos germânicos da esposa. Tiveram seis filhos: Adolpho, Dante, Lothario Luigi, Ausônia, Albano e Plínio Romanó.

 

Luigi sempre esteve à frente da confeitaria mas a esposa Maria, assim que os seis filhos cresceram um pouco, passou a ajudar cada vez mais e logo assumiu totalmente o preparo dos doces e salgados, tendo como ‘mão direita’ o filho Albano Romanó.

 

 

Era uma trabalheira danada e uma das suas especialidades eram as empadinhas de palmito, o carro chefe dos salgados. E as cascas de palmito serviam para dar um corretivo quando a gurizada pegava “fogo” e a bisavó Maria perdia a paciência.

 

Já os doces eram feitos à base de açúcar, manteiga, ovos, leite e farinha. Outros ingredientes eram adicionados nos preparos como amêndoas, nozes, flor de laranjeira, favas de baunilha, canela.

 

Faziam Mandoulatos ou torrones, Panettones, Pralinees, foundants, marzipans, que eram doces que as famílias dos imigrantes apreciavam. E também balas, embaladas uma a uma e à base de ovos, mais macias.

 

Acervo Paulo José da Costa

 

A Confeitaria Romanó chegou a ter uma filial ali onde depois virou a Cinelândia, no térreo do edifício do Braz Hotel.

 

Porém, depois que o filho Dante Romanó concluiu os estudos de medicina no Rio de Janeiro e retornou, minha vó Maria, já viúva, pode descansar da dura labuta e a confeitaria foi fechada por volta de 1925. No mesmo prédio se instalou a Confeitaria Schaffer em 1944.

 

A Schaffer marcou época e deixou saudades. A coalhada com mel, o frapê de morango, a torta de morango…

 

Tantas imagens invadem meu pensamento trazendo um turbilhão de lembranças e saudades salpicadas de canela.

 

 

Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.

1 Comment

  • Deu vontade de ler as suas histórias apreciando esses doces! Deviam ser maravilhosos.

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