Martha Renner Schöll com as filhas Márcia Schöll E Magda Schöll em final da década de 40

Não lembro que na minha infância houvesse o “Dia das Avós” mas como agora se comemora e será nesta quarta-feira (26), vou falar de uma das minhas queridas vovós.

Vó Martha Schöll foi uma mulher de iniciativa e coragem em uma Curitiba ainda patriarcal e machista.

Foi uma das primeiras mulheres (ou talvez a primeira) do Paraná a usar o maiô duas peças na praia, batizado posteriormente de biquíni.

Quando criado em 1946, estampou as revistas e foi tão rejeitado por deixar o umbigo de fora que, após várias recusas, uma modelo francesa finalmente aceitou posar usando o traje, sendo considerado muito ousado para a época.

Mesmo nos anos seguintes, apenas o maiô inteiro (de bojo) aparecia no cinema, geralmente vestido por atrizes como Marilyn Monroe e Liz Taylor.

E somente em 1956, a atriz Brigitte Bardot estrelou o filme: “E Deus Criou a Mulher” trajando um biquíni, o que acabou sendo um marco na história.

O filme surtiu muitos comentários. Alguns achavam aquilo um escândalo, outros – uma falta de decência.

No Brasil, o Presidente Jânio Quadros chegou a publicar um decreto proibindo o uso de tal peça nas praias cariocas – em 1.961.

Vô Frederico Schöll e Martha Renner Schöll em final da década de 40

Mas Vó Martha, muito antes, já correra para sua fiel costureira – Dona Olga Mikilita; e com a revista estrangeira da modelo francesa debaixo do braço apontou: “Quero este!”

Enquanto a sociedade nem conhecia a novidade, Vó Martha já desfilava descontraidamente com seu “duas-peças”. E combinava modelo mãe-filhas.

Certamente se tornou inspiração para muitas mulheres.

E meu avô, um imigrante alemão que chegou aqui no Brasil e teve que trabalhar muito até levantar a primeira grande Indústria de Óleos Vegetais Comestíveis do Paraná, sempre confiante e preocupado com o bem-estar de todos, deixava minha avó ser e se vestir como ela quisesse.

Pura ostentação!

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André Lopes