Dr Ralf Kyrmse era uma delas.
Vou falar do ser humano interessante que ele era. E curioso!
Um dia ele se deu conta de que já conhecia 3 continentes.
Mas que não conhecia mais Curitiba – sua própria cidade, que crescera muito para os lados.
E resolveu se lançar numa maratona urbana.
E ao longo de 4 anos percorreu um total de 4.000 kilometros através de 180 linhas de ônibus
A partir de então, falava do Rio Barigui, do bairro Pinheirinho e de tantos lugares percorridos com propriedade. E com entusiasmo.
Conheceu a esposa em 1944 no Interamericano do Edifício Garcêz.
Parece que foi coisa de filme pois ao vê-la pela primeira vez vestindo uma blusa creme, criou coragem, se aproximou e declarou-se:
“Meu nome é Ralf e quero me casar com você”. Ela aceitou. Viveram juntos cinco décadas.
Quando a esposa ficou doente, Ralf se internou com ela na UTI.
Ao perdê-la passou a visitar o túmulo todos os domingos no Cemitério Luterano, nem que fosse debaixo de tempestades.
Foram 13 anos de ausência. Bastava falar o nome dela e lhe caía uma lágrima.
Dr Ralf foi um médico muito competente, humano e estimado. Apaixonado pela medicina, pelos pacientes, pela família e pela vida.
Foi um dos fundadores do Hospital Evangélico e do Hospital César Perneta (Pequeno Príncipe).
É de sua autoria o primeiro livro sobre otorrinolaringologia pediátrica publicado no Brasil.
Foi professor no Curso de Medicina da Evangélica.
Uma particularidade dele: quando chegava na praia de Caiobá colocava uma bandeirola na sacada. Era o sinal que estava ali…pronto para atender qualquer criança que dele precisasse.
Doutor Ralf Kyrmse um curitibano que só deixou saudades e exemplos.
(Imagem de abertura: Galeria Lustoza, onde ficava o consultório do Dr Ralf)
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