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27/04/2024



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O dia em que um raio caiu no meu prédio

 O dia em que um raio caiu no meu prédio

“Foi um estrondo , tremeu tudo! Queimou até a geladeira do apartamento”, conta Edda.

 

Estas duas menininhas são netas do Sr. Max Schrappe, um empreendedor visionário que se tornou dono da Impressora Paranaense, adquirida dos herdeiros do Barão do Serro Azul.

 

As duas moraram no meu prédio e moraram aqui quando quando solteiras e depois de casadas.

 

Uma delas permanece até hoje, a Edda, a mais nova e de cabelo cacheado. A maior morava na unidade que moro hoje.

 

E sua bebê estava dormindo no quarto, quando o raio caiu, em 1962.

 

A bebê cresceu e hoje já é avó mas lembra bem a mãe falando: “Por isso que você era elétrica!” (não é Maria Luiza Wiederkehr?)

 

Eu morava no 6º pavimento e tinha 1 ano na ocasião. Hoje moro no último andar, na mesma unidade que o raio caiu.

 

Ambas eram também netas do Sr. Hürlemann que foi o fundador dos Fósforos Pinheiro.

 

O Sr. Hurlemann só teve uma filha, Adelaide, que casou com Franz Hotte, o avô das meninas.

 

O genro Franz Hotte faleceu cedo, de um mau súbito e não pôde assumir a empresa do sogro.

 

Isso foi pouco antes da 1ª Guerra e o Sr. Hurlemann, se vendo já com idade, vendeu a Fósforos Pinheiro para Fiat Lux que depois veio a vender para a Sweedish Match, a qual funciona até hoje.

 

O genro faleceu em Joinville e o translado foi de trem, que trouxe o esquife.

 

Na chegada na fábrica, ao lado da linha do trem, todos os funcionários perfilados prestaram a última homenagem.

 

A caixa original de madeira tradicional dos fósforos desta marca é feita até hoje na mesma máquina importada da Alemanha no início dos anos 1900.

 

Como já citei, moro neste último andar e venho lidando com o telhado que fica sobre a minha cabeça e que não tem me dado trégua, mesmo após troca total das telhas, revisões periódicas de calhas/rufos/goivas mas que ainda assim, nessa época chuvosa, tem me causado dores de cabeça.

 

Semana passada vim a saber que a origem do encharcamento da laje e infiltração para dentro do apartamento pode ter origem em um raio que caiu aqui em cima onde hoje é meu quarto. Há mais de 60 anos.

 

Sim, um raio. Que coisa!

 

Se eu lembro? Não. Mas a Edda, a mesma da foto, ainda lembra.

 

Edda era uma moça bonita, jovem bem educada e culta que só falava em alemão em casa, entre os familiares.

 

Mas voltando ao raio. Dizem que não cai duas vezes no mesmo lugar. Então posso dormir tranquila.

 

Embora o nosso velho prédio continue sem pára-raios, como na época, temos agora uma porção de prédios em volta mais atraentes às descargas elétricas.

 

Isso me faz refletir que um breve “acontecimento “, ocorrido há mais de meio século, ainda possa trazer consequências e refletir no nosso dia a dia mesmo depois de tanto tempo. E às vezes nem percebemos.

 

Pelo pouco que entendi, a queda do raio afetou um pouco o concreto ou alvenaria abrindo trincas pouco visíveis, e que podem ser profundas ou não.

 

Mais ou menos assim como podem ocorrer com algumas intercorrências que se passam na vida da gente.

 

Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.

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