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27/04/2024



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Pedras do Tropeço – Stolperstein

 Pedras do Tropeço – Stolperstein

Antes que pensem que não tem a ver com Curitiba de Antigamente, vou dizer que tem. É muito!

 

Há feridas ainda abertas e muitas pessoas que sofreram demais. Vidas interrompidas, muita dor. E nunca, jamais poderá ser esquecido.

 

Uma coisa que me chamou a atenção nestes países europeus que visitei foi a quantidade de crianças em idade escolar visitando outras cidades ou aprendendo “in loco”, o que aprendemos nos livros.

 

Eram muitas turmas, todos os dias, em locais variados. Seja visitando castelos, fortalezas, muralhas, cavernas e túneis subterrâneos. Acompanhadas sempre por duas professoras. Atravessavam ruas, andavam em bondes e bicicletas e estavam presentes até nas estações de trens, visitando cidades próximas.

 

Deve ser a diferença no ensino que faz as crianças vivenciarem a história e a geografia “in loco” e talvez guardem o conteúdo por mais tempo do que eu.

 

Só sei que quando cheguei lá constatei que não sabia mais nada de nada. Tudo que aprendi, já tinha esquecido. Ou faltei às aulas. E olha que eu tirava só notas altas.

 

– Quem venceu a Primeira Guerra? Quais os países do Império Austro Húngaro? Os EUA fizeram parte dessa Primeira Guerra? Quem eram os mongóis? Se eram da Mongólia, como conseguiram dominaram grande parte da Europa? Gengis Khan era o líder? Pensei que era um personagem fictício. E quem eram os otomanos? Eram só os turcos? O Muro de Berlin foi construído no final da Segunda Guerra, em 1945? (Só sei que lembro da Queda do Muro de Berlin e nasci em 1961? Lembro até de ver na TV as pessoas e familiares subindo no muro após anos de separação). Como Budapeste se tornou tão rica? E daí para frente só aumentavam as dúvidas e dá-lhe Google.

 

Até fiquei sabendo que o Drácula existiu mesmo e não foi só ficção porque entrei numa caverna onde ele foi aprisionado e viveu por anos e lá estava uma turma de alunos de uns 10-11 anos.

 

E como um conhecimento puxa outro, fiquei sabendo que os EUA tem hoje uma população de judeus equiparável à Israel.

 

Mas diante da minha ignorância de tudo, aprendi muito. Uma coisa é aprender em livros e outra é vivenciar uma experiência. Essa fica marcada para sempre!

 

Como exemplo vou falar de dois pequenos monumentos, aparentemente simples, mas que me impactaram e transmitiram uma carga emocional gigante. Aprendi mais sobre o sofrimento que a guerra provocou nesses momentos do que na formação escolar inteira.

 

Impossível não sentir uma tristeza enorme porque não falam de números, mas falam de pessoas.

 

Um deles é a “Homenagem dos Sapatos”, à beira do Rio Danúbio. Difícil até de descrever mas são vários pares de sapatos revestidos em bronze e que sabemos que já foram de verdade. Alguns até de crianças.

 

Representam os judeus que eram jogados no Danúbio. Eram amarrados de dois em dois e os soldados somente atiravam em um deles. Antes tinham que tirar os sapatos.

 

Achei importante falar disso, embora saiba que provoca um sentimento de dor brutal em cada um, só de saber que isso aconteceu.

 

Mas é preciso que o conhecimento chegue a todos e cada um possa refletir e conversar com os seus sobre os erros do passado – para que nunca mais se repitam. (Esse monumento nem consegui fotografar).

 

A outra homenagem singela, mas também impactante que me deparei, foi em Berlin. Caminhando pelas ruas observei essas plaquinhas em bronze incrustadas nas pedras petit-pavé.

 

Em cada plaquinha estava escrito: “Aqui morou: nome, data do nascimento, data de deportação, data e local em que foi morto, (geralmente o nome de um campo de concentração, em muitos casos, Auschwitz).

 

São colocadas na calçada bem em frente onde essas pessoas moravam ou trabalhavam.

 

 

Discretas, passam batido para muita gente, mas é tão difícil quando a gente fica sabendo da história que há por trás.

 

Homenageiam além dos judeus, os deficientes físicos, políticos perseguidos, ciganos, homossexuais, que foram também terrivelmente perseguidos.

 

Hoje há mais de 60 mil pedras de tropeço espalhadas por toda a Europa. A maioria delas fica na Alemanha e a primeira que foi colocada foi em Buenos Aires.

 

Elas estão incrustadas mesmo, nem fazem um degrau mas são chamadas “Pedras do Tropeço”.

 

Mas por que esse nome?

 

Ao parar e olhar para baixo para ler o que está escrito nelas, somos levados a nos se curvar e prestar uma reverência. Um ato respeitoso às vítimas homenageadas.

 

 

Leia outras colunas da Karin Romanó aqui.

2 Comments

  • Para nunca esquecer

  • MUITO TRISTE

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