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Espelho Emocional: o que o outro diz mais sobre você do que você imagina

18/04/2025

Já percebeu como, às vezes, alguém nos irrita profundamente… mesmo sem ter feito quase nada? Como certos comportamentos alheios parecem acionar um gatilho interno que nem sabíamos que existia? Pois é. Bem-vindo ao mundo do espelho emocional.

No fim das contas, aquilo que enxergamos no outro e que tanto nos incomoda muitas vezes, é apenas um reflexo de algo que ainda não resolvemos dentro de nós. O julgamento que fazemos, o incômodo que sentimos, a raiva que surge do nada… tudo isso, em muitos casos, tem mais a ver com o que está mal elaborado no nosso próprio emocional do que com a atitude do outro.

É desconfortável admitir, eu sei. Preferimos acreditar que o problema está sempre lá fora. Que o outro é tóxico, que o colega é arrogante, que o chefe é insensível. Mas e se, na realidade, parte dessa irritação for um recado interno? E se aquilo que mais nos afeta no outro estiver, de alguma forma, apontando para algo que evitamos encarar em nós mesmos?

O espelho emocional não é papo de autoajuda. É um conceito presente em diversas linhas da psicologia e do desenvolvimento humano. Ele propõe que o que enxergamos no comportamento alheio, especialmente aquilo que desperta fortes emoções em nós, reflete partes da nossa identidade, das nossas dores, das nossas crenças ou inseguranças.

E é aí que entra o autoconhecimento. Porque reconhecer o espelho emocional exige coragem. Coragem para parar de apontar o dedo e começar a se perguntar: o que isso diz sobre mim? Por que o comportamento daquela pessoa me atinge tanto? O que essa situação está me ensinando sobre minhas sombras, minhas feridas e minhas reações automáticas?

Julgar é fácil. Julgar dá uma falsa sensação de superioridade, de controle. Mas, no fundo, o julgamento é uma armadilha emocional. Ele nos afasta da empatia e, principalmente, nos impede de olhar para dentro. Quem julga demais, geralmente, está evitando o confronto mais difícil de todos: o confronto com suas próprias contradições.

No ambiente de trabalho, por exemplo, isso é muito comum. Julgamos o colega que é “puxa-saco”, mas talvez o que incomoda é que ele tem coragem de se expor algo que a gente não consegue fazer. Criticamos o chefe que “não escuta”, mas será que nós mesmos estamos praticando a escuta ativa? Reclamamos da equipe “desmotivada”, mas será que nosso modelo de liderança inspira alguém de verdade?

Tudo isso não quer dizer que o outro não erra. Claro que erra. Mas a questão não é o erro do outro. A provocação aqui é: por que isso me afeta tanto?

O espelho emocional é um convite. Um convite a amadurecer, a deixar de terceirizar culpas e assumir as rédeas da própria jornada emocional. A boa notícia? Quando você começa a reconhecer seus espelhos, o poder de transformação é gigantesco. Você para de reagir no automático, passa a entender suas emoções e ganha liberdade emocional para escolher como agir.

No fim do dia, todo mundo é espelho de alguém. E a forma como você lida com os reflexos que o mundo te mostra pode ser o seu maior ponto de crescimento ou o seu maior ponto cego.

A escolha é sua.

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