O encarecimento do financiamento imobiliário devido ao aumento da taxa Selic, o avanço dos preços de casas e apartamentos e o mercado de trabalho aquecido devem impulsionar mais os preços dos aluguéis de imóveis no Brasil neste ano. De acordo com dados do índice FipeZap, 2024 terminou com uma valorização acumulada de 13,50% nos preços dos aluguéis.
A variação, que é quase o triplo da inflação do período (4,83%), representa uma desaceleração em relação aos anos de 2022 (16,55%) e 2023 (16,16%), que ainda tiveram repasses de aluguéis represados durante a pandemia de covid-19.
Em 2025, a previsão de fechar o ano com taxa de juros em 15% tornará o financiamento de imóveis mais caro e escasso. Isso pode resultar no aumento do valor da entrada para comprar uma propriedade financiada e adiar o sonho da casa própria.
Paula Reis, economista da DataZap, afirma que a expectativa para o ano é de aumento nos preços dos aluguéis no País devido ao cenário macroeconômico. “Esperamos reajuste acima da inflação. As projeções para a economia estão otimistas. O PIB não vai crescer tanto, mas o mercado espera um crescimento relevante. O mercado de trabalho tem previsões ótimas, com desemprego na casa dos 7%. Por isso, esperamos demanda aquecida de locação”, diz.
A especialista aponta que a necessidade de moradia e a dificuldade de ter acesso ao crédito deve levar as famílias ao aluguel em vez da aquisição de um imóvel ou mesmo à compra de uma propriedade menor do que a desejada. Segundo ela, a classe média será a mais impactada, já que a alta renda dispõe de capital e crédito para adquirir imóveis, enquanto a baixa renda conta com o programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, que fixa as taxas de juros entre 4% e 8,16% ao ano.
Nos últimos anos, apesar dos recordes de vendas de imóveis, a aceleração de preços de aluguéis tem sido forte. Em São Paulo, o preço médio do aluguel por metro quadrado (m²) foi de R$ 39,76 no fim de 2021 para R$ 57,59. Ou seja, o preço do aluguel de um imóvel de 60 m² nesse período foi de R$ 2.385,60 para R$ 3.455,40.
Porém, dado o tamanho da cidade, a variação de preços em 2025 pode ser grande a depender do bairro. Em Pinheiros, o mesmo imóvel teria aluguel médio de R$ 5.388 (R$ 89,80/m²), enquanto em Santana o valor seria de R$ 2.522 (R$ 42,40/m²).
Carlos Berzoti, diretor-executivo da Lopes e franqueado da rede que atua na zona sul de São Paulo, conta que a locação de imóveis está em uma boa fase e os proprietários têm conseguido fechar contratos com preços mais elevados do que os anteriores em vários bairros.
“Nesse momento a demanda por aluguel tem sido muito forte pela falta de recursos da Caixa para financiamento e da taxa de juros.” Segundo Berzoti, entre o anúncio do imóvel para locação e a assinatura de um novo contrato de aluguel, o tempo tem sido de apenas 20 dias.
Outras cidades pelo País também tiveram fortes aumentos. Em 2025, os municípios com maiores altas de preços de aluguéis foram Salvador (33,07%), Campo Grande (26,55%), Porto Alegre (26,33%), Campinas (19,32%) e Joinville (17,94%). Paula afirma que os motivos da aceleração de preços são similares em todas as cidades do índice FipeZap, sendo o mercado de trabalho aquecido e a elevação da taxa de juros as principais razões.
Ana Maria Castelo, da FGV, lembra que a alta dos aluguéis no País também tem relação com o avanço dos preços dos imóveis. Os preços das residências aumentaram 7,73% em 2024, registrando a maior variação desde 2013, segundo o índice FipeZap.
“Se o preço do imóvel começa a subir muito, as pessoas podem preferir esperar um pouco, vão ficar no aluguel mais um tempo ou vão lembrar que as condições do financiamento mudaram, seja porque as taxas de juros subiram, seja porque os bancos, inclusive a Caixa, passaram a exigir uma entrada maior”, diz.
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