Como já mencionado nos artigos anteriores atualmente recomenda-se que as empresas familiares se transformem em famílias empresárias. Nesse sentido, os negócios de família devem ser tratados no âmbito familiar, enquanto os negócios da família na esfera da empresa. Esse percurso de transformação nem sempre é simples e com base na nossa experiência identificamos alguns obstáculos que retardam ou dificultam essas transições. Pode-se dizer até que são padrões universais nessa temática. Os principais obstáculos são os seguintes:
Famílias disfuncionais, e seus reflexos na condição do processo. É sabido que tais famílias têm dificuldade de comunicação, em resolver conflitos e conviver harmoniosamente. Esse grupo familiar é caracterizado por condutas desrespeitosas em relação a hierarquia familiar e uma dinâmica pouco saudável entre seus membros. Por essa razão tal cenário impacta quando se busca estabelecer mecanismos de governança técnicos na família, na empresa e no patrimônio. Infelizmente não é incomum testemunharmos situações de absoluto desconforto e desrespeito em formações de conselhos de família ou empresariais.
Pacto com a imortalidade do fundador. O patriarca ou a matriarca apresentam resistências na passagem do bastão sucessório tendo em vista o custo emocional e o temor de que seus sucessores não estejam prontos para liderar a condução das empresas.
Sucessores vorazes. O perfil psicológico e emocional de um sucessor voraz revela tendências exorbitantes não condizentes com a sua saúde mental. Tais sucessores não medem a sua voracidade pelo poder, ainda que custem seus valores éticos, sociais e comportamentais, ou seja: querem o poder a qualquer custo. O contrário desse perfil são os sucessores ambiciosos que têm a sede movida por uma ambição saudável, buscando com humildade uma formação adequada, ética e respeitosa para assumirem cargos na sucessão.
Falta de esclarecimento, conhecimento e informação sobre aspectos de sucessão, sociedade e gestão. Esse é um obstáculo estrutural extremamente comum em que os protagonistas familiares de uma empresa familiar não sabem distinguir sucesso diretivo de herança, empresariar, gerir e ser sócio e administrar. A nossa experiência demostra que o primeiro passo ao trabalharmos a transição de empresa familiar para família empresária consiste em passar informações técnicas dobre tais distinções para que os participantes do processo entendam seus respectivos protagonismos.
Na próxima coluna apontaremos outros obstáculos que devem ser vencidos para o bom encaminhamento das empresas familiares em famílias empresárias.
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