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POLÍTICA

Governo vê desrespeito em indefinição de Pedro Lucas e pode reavaliar espaço do União Brasil

22/04/2025
gleisi

estadão

Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstram certo incômodo com a indefinição sobre o convite para que o líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA), seja o novo ministro das Comunicações. Na avaliação de interlocutores, há um “comportamento desrespeitoso” do partido na situação, que pode incentivar uma reavaliação sobre o espaço da legenda na composição da gestão federal.

No começo de abril, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, anunciou que Lula havia aceitado a indicação do União Brasil para nomear Pedro Lucas para o Ministério das Comunicações. O deputado iria suceder Juscelino Filho, que era da cota do partido e pediu demissão após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção com o suposto desvio de emendas parlamentares.

Apesar do anúncio feito pela ministra, Pedro Lucas se pronunciou horas depois e disse que sua decisão sobre aceitar o cargo ainda deve ser decidida em conjunto com a bancada na Câmara. Em sua conta na rede social X, o parlamentar agradeceu a confiança e destacou que “qualquer definição será construída coletivamente, em diálogo” com a bancada da legenda na Casa.

A decisão, contudo, ainda não foi tomada, mas como mostrou o Estadão/Broadcast, deputados apontam tendência de recusa. Segundo parlamentares do partido, há uma reunião prevista para a tarde desta terça em Brasília para discutir a indicação.

A indefinição chegou ao Palácio do Planalto e incomodou auxiliares da gestão federal. Para eles, a situação está mostrando um “comportamento desrespeitoso” do partido – que têm três ministérios – com o governo.

A avaliação é de que o União Brasil faz uma “trapalhada” e não consegue se alinhar em torno da situação. O episódio, então, se apresenta como um estímulo para Lula rever o espaço ocupado pela legenda no governo.

Há uma expectativa de que, se Pedro Lucas de fato recusar o convite, a bancada indique Moses Rodrigues (União-CE) para chefiar a pasta, porque o nome dele agradaria a maioria dos deputados. No entanto, a indefinição reflete uma divisão no União Brasil entre alas de Antônio Rueda, presidente da legenda, e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, que disputam as decisões do partido no Congresso.

Alcolumbre havia patrocinado a indicação de Pedro Lucas para o ministério e queria emplacar Juscelino Filho na liderança da Câmara. Mas vários deputados da legenda avaliam que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-ministro pesa contra a sua indicação à liderança, porque a suspeita de corrupção exporia a bancada.

A insatisfação dos deputados gerou a preocupação de que a saída de Pedro Lucas da liderança provoque uma nova guerra pela sucessão e, em último caso, resulte na eleição de um parlamentar de oposição ao governo.

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